sexta-feira, 28 de maio de 2010

AINDA OS SEVEN'S

Em Londres onde se viram alguns jogos muito interessantes, para além da evidência da placagem – no verdadeiro sentido de levar o portador da bola ao chão como exigem as Leis do Jogo – ser essencial para a consistência competitiva de uma equipa – não é possível jogar consistentemente se houver não-placadores na sua formação - alguns pontos ganham notoriedade no desenvolvimento da variante.

1. Não chega fazer bem, é preciso fazer rápido: em determinadas alturas tudo parece equilibrado entre as equipas em jogo. Num ápice, a velocidade faz a diferença e as equipas separam-se num resultado cada vez mais inalcançável. Para ser competitivo a este nível é preciso ser rápido na leitura da situação, rápido na decisão, rápido na reacção, rápido na velocidade de execução e de deslocamento. O que significa a necessidade de proporcionar aos jogadores hábitos competitivos de um nível tão próximo quanto a competição internacional;

2. Procura de intervalos. O ataque faz-se aos intervalos na procura de juntar mais do que um defensor para soltar a bola antes do derrube da placagem. Não existindo uma segunda cortina defensiva activa – o número de jogadores não o permite – a dobra e o passe em carga (offload) são ferramentas técnicas altamente eficazes para ultrapassar a defesa. O ataque aos intervalos – tirando partido da maior distância entre defensores – é uma constante das grandes equipas;


3. Apoio em tempo útil. O seven’s tem uma característica particular: os seus jogadores – para ocuparem toda a largura do terreno - estão mais distanciados do que o que acontece normalmente no jogo de quinze. O que significa que os intervalos são maiores e mais vulneráveis. O que significa também que o apoio, quer defensivo, quer ofensivo, tem que ser muito rápido para poder ser útil – o que obriga a reagir de imediato às acções, lendo os sinais e preparando-se para as diferentes situações (ex: em ataque, receber um passe ou garantir a posse da bola pela formação do ruck; em defesa, só se deixar envolver se o companheiro não derrubar o portador e saber deslizar). Os melhores jogadores, aqueles que se mostram mais eficazes, têm uma noção de apoio altamente desenvolvida aparecendo de lado nenhum no momento exacto para surpreender a defesa.

Os resultados portugueses foram interessantes. Diminuída a pressão competitiva, Portugal pareceu estar apto para voos maiores. Mas essa ilusão turva-se nos momentos de maior pressão e velocidades competitivas - por isso as derrotas, mesmo por pontuação próxima. Porque, não existindo hábitos permanentes de jogar próximo deste nível – pelo desfasamento demasiado profundo entre a competição interna e o nível internacional - os jogadores portugueses perdem, nos momentos críticos, o sentido colectivo e pretendem resolver os problemas de forma individualista. Com os consequentes erros e, muitas vezes, perdas de bola que farão a diferença no resultado final. E se a atitude pode ser trabalhada – levando os jogadores a procurarem menos brilho e mais eficácia – a constância só pode surgir com alteração de hábitos competitivos e a permanência do alto nível.

Veremos agora na Escócia se, pela concentração e foco na variante, haverá desenvolvimento.

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