Os Sevens de Londres têm sido uma boa amostra da mudança que se está a passar na variante – e que não foge em nada ao que se previa. Com a entrada da variante nos Jogos Olímpicos, o nome Rugby será, com certeza, mais conhecido mas o jogo de quinze não crescerá e, muito provavelmente, ainda nos iremos arrepender deste passo: porque o XV ficará cada vez mais limitado aos 10/12 países da frente – os outros dedicar-se-ão ao seven´s com maior atenção e preocupação. A começar por aqueles que, como a Rússia, China ou Estados Unidos, têm grandes tradições olímpicas. Acresce ainda que a aposta no seven’s olímpico traz outro problema: a qualificação continental – não haverá lugares suficientes para os pretendentes (mas isso só será percebido tarde demais…pese embora a sorte europeia da Grã-Bretanha eliminar 2 concorrentes)
O jogo de Portugal contra o Quénia mostrou outra parte do problema. Os africanos não têm qualidade capaz no jogo de quinze (44º lugar no ranking da IRB; Portugal ocupa o 21º lugar), mas formaram uma equipa de seven’s com qualidade e que tem, desde há anos para cá, conseguido bons resultados internacionais (o Quénia tem 43% de vitórias nos jogos efectuados nas Word Series – metade do total obtido pela Nova Zelândia; Portugal tem 37% na relação vitórias/jogos efectuados).
O VII distingue-se do XV num pormenor estratégico de consequência tácticas imediatas: com menos jogadores e, portanto, com mais espaço livre, a posse da bola é a dominante do jogo; no segundo, a conquista de terreno é a questão chave do sucesso. Ora esta diferença, permitindo o recurso a uma menor variedade, morfológica e técnica, de jogadores – os jogadores do cinco-da-frente que fazem as delícias dos apreciadores do jogo de quinze são dispensáveis (para não dizer, indesejáveis) – torna-a menos complexa e, por isso, mais fácil de treinar e também mais fácil de construir uma equipa internacionalmente competitiva. Facto que – pela vibração olímpica agora conseguida - irá ser seguido por outros países com a consequência do aumento da competitividade e aumento das dificuldades portuguesas – haverá mais equipas a saber jogar.
E se nós portugueses não soubermos mudar, conseguindo competividades internas próximas da competitividade internacional, se não soubermos construir uma formação de jogadores capaz em termos competitivos, iremos, à medida que os dias passarem, assistir à desilusão de muitos sonhos.