sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O RUGBY COMO UM BANDO DE ESTORNINHOS

O rugby é um jogo simples mas não é fácil.
Basta ver os jogos dos actuais All-Blacks para se perceber o conceito. A sua forma de jogar – dentro da tradição vanguardista que os caracteriza – é de uma simplicidade desconcertante: pura aplicação dos PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS do Jogo. Mas não é nada fácil atingir o seu nível – aliás, nota-se pelos últimos resultados conseguidos…
Como qualquer outra grande equipa de desportos colectivos – aquelas verdadeiramente grandes que não permitem que uma mera e única alteração táctica seja impeditiva do desenvolvimento do seu jogo – a Nova Zelândia cumpre regras de eficiência colectiva.
A primeira das quais diz respeito, desde logo, à aceitação das lideranças momentâneas. Ou seja, cada jogador tem o conhecimento táctico e a capacidade técnica necessários à tomada das decisões adequadas às situações com que se confrontam – e isso é tacitamente aceite por todos os companheiros que de imediato aderem à proposta, lendo a situação na relação companheiros/adversários e posicionando-se de acordo com a melhor solução.
Esta aceitação da liderança passa pela confiança no portador da bola que, enquanto líder, tem o direito – face à situação que enfrenta – a tomar decisões. Que são possíveis porque também ele confia no apoio, solidariedade e capacidade de resposta dos companheiros. E porque, todos eles, têm clara noção dos objectivos a que se propõem.
A RFU coloca o Espírito de Equipa como o primeiro dos Valores Fundamentais que propõe para o seu rugby. Este Espírito de Equipa que, personificando a transformação de um grupo num conjunto coeso, capaz e solidário, assenta na comum definição de propósitos, alinhamento de perspectivas e sincronização de movimentos. Os jogadores da Nova Zelândia têm esse conceito desenvolvido –se não vier já da conversa em casa durante as refeições… - desde o primeiro dia em que entram em campo para tocar a bola oval. E, estou certo, toda a sua metodologia de treino se desenvolve com o foco no colectivo e na capacidade de entrega em nome da equipa.
Sempre que vejo equipas a jogar deste modo – movimento dos jogadores de acordo com o movimento da bola e o posicionamento adversário – lembro-me do voo de um bando de estorninhos. Também eles aderem – em voltas de perfeita sincronização colectiva e plasticidade exuberante – a lideranças momentâneas, cumprindo escrupulosamente as propostas que recebem. Sem estados de alma ou vedetismos, mantendo-se apenas focados nos seus objectivos.

a partir de imagens de Dylan Winter

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