segunda-feira, 23 de julho de 2012

DOIS EM UM

Conseguiram o principal objectivo: apuramento para o Mundial. Não satisfeitos, lançaram-se atrás do Torneio: venceram o Algarve Sevens. E isto diz alguma coisa sobre o carácter da equipa. Mesmo se, assustando-nos, não passaram de um grupo no primeiro jogo com a Itália. Mas reaprenderam - outra manifestação de capacidade - com os erros e mostraram-se uma equipa na final com a Espanha. Vontade, atitude, entre-ajuda, querer ganhar. Muito bem! E é sempre muito agradável ver a inteligência táctica, a garantia defensiva, o risco calculado do Pedro Leal, uma lição de bem jogar sevens.

Estando também qualificado para os próximos World Series, o Se7e de Portugal vai ter uma excelente preparação para o próximo Mundial - jogar uma época inteira com equipas de bom nível. É uma oportunidade única que exigirá da comunidade rugbística nacional uma visão mais aberta e menos ensimesmada - haverá clubes que terão de prescindir dos seus jogadores numa boa parte dos seus jogos competitivos internos.

E para que tudo corra pelo melhor - conquista dos pontos necessários para o Mundial de XV, manutenção do estatuto de residente no World Series e posição na metade superior do Mundial de Sevens - não julgo possível outra solução que não seja a criação de um grupo independente totalmente dedicado aos Sevens - a mistura não será compatível com os resultados desejados e o mundo internacional é, verdadeiramente, o mundo real.

De uma forma geral - excepto na vitória de Portugal - o Algarve Sevens nada alterou, em termos de apuramento, em relação ao Grande Prémio FIRA 2012 - as equipas qualificadas para o Mundial foram as oito que conquistaram mais pontos nas suas três etapas. Sem surpresas, portanto - mesmo se os Jogos Olímpicos de 2016, como se viu por alguns resultados, estão a transportar muitas equipas para uma longínqua Terra dos Sonhos.

As nossas organizações são melhores do que a maioria dos outros. É o habitual. De longe pareceu-me que o Algarve Sevens esteve à altura das normais expectativas mesmo se a quantidade de espectadores não tivesse estado à altura dos pressupostos da ida para o Algarve ou se a relva fosse demasiado escorregadia - pítons pequenos receosos da secura ou dificuldades de drenagem? - o maior problema, um erro quase indesculpável, foi a confusa e sobreposta entrega de prémios que se mostrou pouco digna e desrespeitosa para com o esforço dos atletas. A ideia que resulta é que o comando pertenceu ao interesse da transmissão televisiva e não aos interesses do torneio - cuja prioridade serão sempre os participantes. No desporto, no rendimento desportivo, o atleta está sempre primeiro.

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