sábado, 28 de julho de 2012

FORA-DE-JOGO

O fora-de-jogo é um destruidor do jogo e da arbitragem. O posicionamento em fora-de-jogo viola regras e impede o desenvolvimento do movimento do jogo. Destrói a construção e dá vantagens aos prevericadores. Durante anos assistiu-se à preocupação, por parte das autoridades da arbitragem mundial, para levar os árbitros a uma atenção muito grande sobre os jogadores que, estando à frente do chutador, não recuavam de acordo com a lei e continuavam a ocupar indevidamente o terreno, impedindo assim a realização eficaz de contra-ataques. Esta insistência tem dado bons resultados e os árbitros hoje, percebendo a gravidade para o jogo da negligência, colocam uma atenção maior neste aspecto que, muitas vezes, era explorado pelos jogadores com aquele ar de santinhos que fazem habitualmente os propositados faltosos.

Hoje o maior problema do fora-de-jogo encontra-se na zona dos reagrupamentos. Tendo como consequência um enorme aumento de dificuldades - traduzíveis até em impossibilidades - para os atacantes. E daí a eterna sequência de interrupções do movimento com recurso ao jogo no chão - o que favorece a defesa e dificulta ou impede, repete-se, o ataque.

De facto o árbitro, preocupado, às vezes em demasia, com o que se passa no chão, tem dificuldades em perceber o que passa no movimento dos defensores. Principalmente nas suas costas, mas ficando, quase sempre e de forma geral, com dúvidas sobre a subida extemporânea dos defensores e, por isso, deixando correr o jogo. Percebe-se, mas os problemas que cria esta situação exige, a bem da ética e estética do jogo, soluções.

Esta subida defensiva extemporânea obriga os atacantes a ceder terreno, afastando-se da linha de vantagem - essa linha imaginária de enorme importância táctica - e dando todas as possibilidades de efectiva eficácia aos defensores que, com maior facilidade, podem dobrar-se uns aos outros, deslizar, compensar, etc.



A ida do jogador portador da bola ao chão por placagem é uma dupla vitória da defesa. Porque, antes do mais, parou o movimento adversário; depois, porque, com a construção do reagrupamento, facilita a sua própria reorganização. Ora nesta reorganização os defensores, por norma, comprometem menos jogadores do que a equipa atacante. O que significa - lembre-se: as linhas de fora-de-jogo nos reagrupamentos passam pelo posicionamentos do último pé dos jogadores envolvidos - que a distância da linha de fora-de-jogo dos defensores à linha-de-vantagem é menor do que a mesma distância para os atacantes, juntando-se assim uma vantagem espacial à já superioridade numérica de um a dois jogadores na linha dos defensores. Se a isto se acrescentar ainda a brutal superioridade numérica que resulta da conquista extemporânea de terreno - a totalidade da equipa estará legalmente em jogo, contra menos quatro a cinco jogadores utilizáveis na outra - pode ver-se a enorme vantagem ilegalmente obtida e a enorme influência que poderá ter - terá! - no resultado final. E de que o árbitro, mesmo involuntariamente, será responsável.

No recente Chiefs-Crusaders fiquei com a sensação que a qualidade defensiva dos Chiefs - vencedores desta meia-final do Super 15 - tinha por base uma permanente saída extemporânea dos defensores - situação que, no outro jogo das meias-finais, não notei no processo defensivo dos Sharks - sempre que havia reagrupamentos. O capitão dos Crusaders, Richie McCaw, também deu pelo incómodo: "Os Chiefs mereceram ganhar, defenderam bem, embora algumas vezes fora das leis..." E o árbitro é só um dos melhores mundiais!

Solução? Os árbitros assistentes - os "bandeirinhas" - têm que ser autorizados a uma intervenção mais ampla, apoiando o árbitro com a sinaléctica necessária que traduza a decisão de marcação da ilegalidade. Por outro lado, o árbitro deve dominar uma sequência de procedimentos adequados à situação em causa - e o conhecimento do jogo permite-o! - que lhes garanta a segurança do cumprimento regulamentar quer no chão, quer no espaço do terreno do jogo. A conjugação destas duas acções irá garantir a equidade competitiva necessária à melhoria do jogo, confortando árbitros e jogadores que assim se poderão entregar à melhor expressão das suas capacidades
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