sábado, 1 de dezembro de 2012

HÁ FESTA EM INGLATERRA

Não há com certeza pub inglês que não esteja ainda cheio de gargalhadas a comentar o jogo de uma notável e inesperada vitória do quinze de Inglaterra contra os campeões do Mundo, os All-Blacks. E por 38-21: com ensaios e a jogar-se rugby. Bom rugby. Uma festa.

E foi pena que os portugueses que gostam de rugby não pudessem ver este magnífico jogo. Como foi possível a vitória dos ingleses? Como resposta, a primeira que me lembro pertence a António Oliveira, jogador e treinador internacional de futebol, que rematou assim a explicação para um golo inexplicável: quem viu, viu; quem não viu, não viu. Não há explicações, devia ser visto.

E sobre o resultado quanto tudo apontava para a vitória, com folga dos All-Blacks? Há muito que outra grande figura do futebol português, o lateral direito do F.C. do Porto e da Selecção Nacional, João Pinto, avisou: Prognósticos?! Só no fim do jogo!. E foi o caso: dados antes, falharam rotundamente; dados depois, acertariam em cheio. É este o sortilégio do Desporto, podem haver sempre cisnes negros enquanto enormes surpresas que depois toda a gente é capaz de explicar. E é a sorte das casas de apostas: a imprevisibilidade do desporto. Um jogo, portanto.

A Inglaterra preparou-se para o jogo da sua vida. E fê-lo.

Criando uma enorme pressão - o que lhe permitiu ter a maior percentagem de posse de bola - levou os neozelandeses a cometerem faltas em zonas críticas que permitiram o dominío do marcador - chegaram a 15-0 - pelo pontapé do abertura Farrell. E quanto a volta parecia perdida com os dois bons ensaios dos All-Blacks a colocarem o resultado em 15-14, o quinze inglês teve uma estupenda reacção: acreditou, jogou e ganhou! E notável foi ver, do lado neozelandês já se sabe que assim é, os jogadores ingleses a atacarem intervalos com a preocupação de dominarem a linha de vantagem. É avançar, minha gente! conquistando o terreno profundo, depois do bom trabalho de conquista da bola e da sua parte de terreno por parte dos avançados, para perfurar ou explorar o espaço lateral já então livre - e a defesa neozelandesa viu-se em palpos de aranha para fazer frente a estas cavalgadas: defendo o de dentro e deixo o de fora à vida ou ao contrário? (pergunte-se a Conrad tSmith que se viu mais do que uma vez metido nesta embrulhada); preocupo-me com o passe interior ou defendo a passagem pelo corredor exterior? (pergunte-se a Dan Carter que se viu, mais do que uma vez, ultrapassado por fora). Erros defensivos? Não, decisões que resultaram erradas na escolha múltipla que foram obrigados a fazer. Qualidade do ataque inglês portanto: que, conquistando a linha de vantagem criou a superioridade numérica necessária para que a defesa neozelandesa tivesse de se desmultiplicar a tapar buracos.

Gales perdeu (14-12) na última jogada do desafio contra a Austrália que marcou um ensaio - o único do jogo - por Kurtley Beale. E assim passou para a terceira jarra do sorteio - ultrapassado por Samoa e Argentina que ficam na segunda jarra - e começou mal o vizinho Mundial de 2015. Do outro lado deste espelho, a alegria de Samoa que hoje festejou a entrada nos oito primeiros lugares do ranking da IRB e a vitória do Seven7 do Dubai ao vencer a Nova Zelândia na final. Grande dia!

Portugal, não vencendo - como esperado - qualquer jogo do segundo dia contra os melhores, os da Cup, subiu quatro lugares - é agora 11º com os mesmos onze pontos que a Austrália - na classificação geral do World Series. Para a semana haverá mais, em Port Elisabeth, no estádio - que honra! - Nelson Mandela. Esperamos com curiosidade o que nos trará a experiência agora ganha por estes promissores miúdos.

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