sábado, 23 de março de 2013

CARVALHO: UM AMIGO (194../2013)

Morreu o Manuel Carvalho, enfermeiro/fisioterapeuta e meu parceiro da equipa que, com o Raul Patrício, constituímos no Dramático de Cascais e, com outros como o António Coelho, o Caleia, o Fritz, o Granate e o Graça Gordo constituímos em alturas da Selecção Nacional. Era uma pessoa muito particular, profissional de excelência ajudava qualquer um sem ver a cor da camisola - larga o gajo, vem-te embora, gritava o Nicha; e para nós: ando eu a pagar as pomadas e as ligaduras e o gajo a gastá-las no adversário... Mas gostava dos nossos como de mais ninguém... a festa que fazia por cada vitória, a confiança que no balneário distribuía pelos que sabia estarem mais impressionados, era uma mais-valia para a coesão e eficácia da equipa. Era o amor ao Dramático, o amor aos seus meninos, a falar. A fazer crescer as capacidades de cada um.

Era uma jóia de um tipo, em quem se podia confiar sem hesitações. Sempre presente, sempre atento. Conhecedor das capacidades do corpo e do espírito sabia avisar-nos quando percebia algo a correr mal em alguém. Era, conforme os momentos, um pai, um irmão, um amigo dos jogadores que não receavam contar-lhe receios, dúvidas, preocupações - para todos eles tinha uma palavra que os fazia sair das salas de fisioterapia, quase sempre improvisadas, muito melhor do que tinham entrado. Mais capazes, mais libertos, mais decididos.

Excelente contador de estórias, vernáculo na expressão, era a memória viva dos tempos que passamos desportivamente juntos. Só conseguiu fazer amigos, dizia-se hoje no cemitério.

Apesar de ter dado o melhor do seu tempo às variadas modalidades do Dramático encontrou no Rugby - ouso dizê-lo - a sua âncora preferida. Os títulos que então conseguimos - jogadores e equipa de treinadores - têm uma parte sua. Uma parte importante.

O Manuel Carvalho é um amigo. A sua partida é uma perda grande: para o nós, para o Dramático, para o Rugby. Honremos-lhe a memória.

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