segunda-feira, 11 de março de 2013

DESPERDIÇAR PERSPECTIVAS

"O jogo de rugby é isto: ganhar a corrida pela conquista da Linha de Vantagem."
Graham Henry, treinador campeão mundial 2011.

Não choveu e Portugal perdeu. Rima e é verdade. Perdemos.
E de novo deitamos fora oportunidades. Três jogos em casa e duas derrotas é o que levamos. Muito pouco para chegar ao pretendido Mundial de 2015 e demasiado em exigências para os outros jogos que se aproximam.
A Russia, dados os resultados, é um adversário directo - ambos lutamos pelo 3º lugar e perder em casa como perdemos é muito mais pesado do que as aparências: perdemos quatro pontos que os russos marcaram a que se junta a perda de mais quatro que não marcamos; perdemos um possível ponto de bónus a que se junta o que os russos marcaram. Ou seja, só nos resta uma hipótese para continuar na corrida: vencer na Russia no próximo ano, conquistando cinco pontos, colcando igualdade entre nós e indo buscar pontos aos mais fortes. Possível mas muito difícil.
Neste jogo fizemos o que temos apresentado: demasiados erros e muita incapacidade de uso eficaz da posse da bola - valeu-nos ainda quem sabe (Samuel Marques) como se jogam faltas próximas da área de ensaio adversária. Na defesa fomos desastrosos, esquecendo os princípios colectivos e deixando cada um defender-se como podia. Jogamos longe daquilo que é necessário para este nível internacional.
Erros, incapacidades e decisões desadequadas - se os pontapés-a-seguir estavam a criar problemas à defesa russa porque não fizemos deles uma constante até que o pânico tomasse conta da sua última linha defensiva. Porque é que, em vez disso, insistimos no já clássico e nada surpreendente modelo de conquista e imediata perfuração no corredor central? (por jogar assim e mesmo com toda a sua capacidade física, a Inglaterra ia sendo surpreendida pela Itália...).
Esta derrota tem resultados óbvios: de conceito, de treino, de escolhas. E o esforço de muita gente merece mais.
Os russos mostraram-nos como se deve, contemporaneamente, interpretar o jogo: ataque permanente à Linha da Vantagem; construção do apoio axial; capacidade de decisão na defesa em subida imediata ou no deslizar de acordo com a relação numérica defesa/ataque; ataque à bola em velocidade; capacidade de manutenção do movimento da bola. E assim ganharam, jogando mais e melhor do que nós. Surpreendendo até.
Resta-nos a exigência de uma vitória - em que um ponto de bónus não será despisciendo - em Santiago de Compostela, contra a Espanha. E repensar métodos, sistemas e escolhas para reconstruir uma equipa capaz de chegar ao Mundial. Na próxima época não haverá peras doces em qualquer ds jogos.

[nota: apesar das dificuldades de apuramento não faz sentido desistirmos do XV e colocarmos toda a carne no assador Sevens. Por três razões: ainda não está, embora esteja mais difícil, tudo perdido para a qualificação mundial e temos, segunda razão, que ganhar, na pior das hipóteses, o número suficiente de jogos para que não desçamos de divisão; por último mas não menos importante, os actuais jogadores de sevens já mostraram do que são capazes e, sendo geridos com atenção, humildade e responsabilidade, garantirão a manutenção no objectivo fundamental das World Series.]

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