sábado, 8 de fevereiro de 2020

MOVIMENTO, COESÃO E INTELIGÊNCIA


A Roménia é favorita, por 4 pontos de diferença, para o jogo desta tarde nas Caldas da Rainha e contra Portugal a contar para o Rugby Europe Championship. É isto pelo menos o que diz a história competitiva das duas equipas devendo no entanto lembrar-se que os adversários da Roménia na época passada eram de qualidade superior aos adversários de Portugal. O que significa que a diferença real pode ser maior
Mas pode não ser assim. Tendo tido adversários comuns nos últimos jogos — Brasil, Chile e Bélgica — os resultados são também favoráveis aos romenos com uma eficácia de sucesso de 100% contra 67% dos portugueses e com uma superior quota de pontos marcados de 65% contra 52% dos portugueses. Resultados que são coerentes com a diferença de 4 pontos que a análise algorítmica propõe.
Como curiosidade acrescente-se que nos três jogos anteriores desta época Portugal marcou sempre 23 pontos de jogo e que, ganhando Portugal ultrapassará HongKong e ficará posicionado no 21º lugar do Ranking. Perdendo, a equipa portuguesa retornará à posição anterior à vitória sobre a Bélgica — 24º lugar — e caso perca por mais de 15 pontos de jogo será ainda ultrapassado pela Holanda que vai tendo uma fácil conquista de pontos de ranking no quadro da III divisão onde se encontra.
Dada a experiência romena — o XV inicial da selecção portuguesa atinge apenas o somatório de 146 internacionalizações (209 para os XXIII) o que mostra a sua falta de experiência internacional — Portugal terá que jogar com um sistema que proporcione a criação de problemas aos adversários, impondo-se sobre os fracos romenos. E dos seus problemas recorrentes é a dificuldade de saírem do seu meio-campo por outro meio que não o jogo-ao-pé — o que pode dar boas hipóteses de desequilibrar o jogo e tirar partido disso mesmo usando um jogo-ao-pé de qualidade estratégica e apostado na recuperação. Quer directa, quer indirecta através da conquista de alinhamentos. Será que teremos capacidades para isso?
Há, como mostra o quadro abaixo, um razoável equilíbrio no designado Índice de Compacticidade (IC) que representa a distribuição do peso pela altura de cada jogador e que mostra a sua teórica capacidade de resistir ou de se impor nas colisões. Portugal tem, aliás uma 1.ª linha  com um superior IC e os avançados portugueses, com uma média de IC de 562 ficam apenas a uma ligeira distância de 2 pontos dos romenos (564). E se aqui nada teremos a recear, basta que a coesão colectiva se estabeleça no ponto focal de ocupação do terreno-de-jogo adversário, preparando as armas adequadas para jogar nas recuperações de bola.
As maiores diferenças individuais na capacidade de choque encontram-se na relação entre os Nº8 e os número 12 (o adversário directo do capitão Appleton) o que pode indiciar uma procura romena de uso de saída das formações-ordenadas e a procura de penetrações centrais para reduzir a largura da defesa. No entanto e dado a proximidade aparente da capacidade física e como nos mostra a experiência, o jogo será difícil mas não é necessariamente uma causa perdida à partida — basta que os portugueses possam contrariar o sistema romeno — igual ao de sempre e muito espantaria se surpreendesse — e que consigam pôr em campo o seu jogo de movimento, subindo, quando sem bola, muito rapidamente a sua linha de defesa — as linhas atrasadas romenas têm mostrado sempre grandes dificuldades de manobra e circulação da bola quando pressionadas, limitando-se ao choque. E se continuarem com dificuldades para sair do seu meio-campo, se os portugueses conseguirem impedi-los de chegar ás zonas propícias ao maul, o resultado final poderá surpreender.
O seleccionador português, Patrice Lagisquet, mostra-se avisado quando diz que a vitória sobre a Bélgica ainda não garante a desejada manutenção — nunca se sabe que qualidade de equipas se apresentarão contra os belgas logo que os extremos da classificação se comecem a arrumar. Então
porque não aproveitar já este jogo em casa para surpreender e ficar a coberto de qualquer displicência?

O maior interesse dos outros jogos do grupo, para além da importância para os interesses portugueses que a Rússia se imponha frente à Bélgica, reside no Espanha-Geórgia que se disputa no domingo e que poderá, caso a Geórgia vença e a Itália, como se espera, perca contra a França, levar os georgianos a ultrapassar italianos na tabela da World Rugby e demonstrar de forma prática o direito reivindicativo que lhes assiste na possibilidade de acesso ao escalão superior por eventual troca em disputa por play-off. Ou, pura e simplesmente, aceder ao Torneio para acompanhar a possível sétima equipa — a África do Sul — que se mostra muito interessada e tem, segundo o Sportsmail, negociações avançadas, pretendendo, em 2024, acompanhar as suas equipas provinciais na Europa.
Um fim‑de‑semana rugbístico em cheio com jogos cheios de interesse.




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