Na sua meia-final, os Lobos começaram francamente mal, porventura adaptando-se com grande dificuldade e por falta de hábito nos jogos anteriores à pressão defensiva espanhola que, sem ser muito elevada era nitidamente superior à dos três jogos anteriormente disputados. E isso traduziu-se em penalidades cometidas sem nexo e por mera falta de concentração — é bom lembrar que, nesta equipa, apenas 6 jogadores (os que jogam no TOP14 e na PROD2) estão habituados a constantes arbitragens capazes e que se aproximam do nível internacional… e isso nota-se nos nossos jogos e tem na expressão penalidades o seu resultado imediato.
Entrando mal no jogo e sem mostrar saber o que pretendiam, os jogadores portugueses — para além da dificuldade nas conquistas (7 alinhamentos perdidos) — apenas lateralizavam as poucas bolas disponíveis na esperança que o jogo nos corredores laterais os favorecessem. Ao intervalo, depois de estar a perder por 10-0, Portugal tinha recuperado, com um ensaio de Rodrigo Marta, para 10-7, entrando de novo na disputa do resultado. Na segunda-parte a selecção portuguesa melhorou a sua conquista e, aproveitando-se do declínio físico espanhol que teve que diminuir a sua pressão defensiva e aumentando as suas dificuldades no apoio, marcou mais dois ensaios por Duarte Diniz e Samuel Marques — Samuel Marques que realizou a totalidade de 17 pontos, fazendo 45% dos passes dos Lobos — o que significa que a utilização da bola terá terminado na maioria das vezes no chão (94 em 166 movimentos de bola), cortando a continuidade, levando à paragem que permite a reorganização defensiva e eliminando a vantagem. Voltando tudo à primeira-forma.
Para que as paragens permitam a manutenção e utilização da vantagem é necessário que haja muita rapidez na disponibilização da bola — com o célebre limite dos 3 segundos — o que, por sua vez, cria um problema na organização ao largo — começa a não haver tempo para recorrer a organizações do tipo 1-3-3-1 ou 2-4-2… obrigando a criar manobras de proximidade que possibilitem a ultrapassagem da linha-de-vantagem e permitam então explorar os corredores laterais e a que a defesa não consegue limitar. Ou seja, são precisos movimentos mais rápidos e mais contínuos com linhas de corrida alternadas interior/exterior e maior recurso a off-loads.
Com um jogo das linhas-atrasadas pouco inventivo que cria poucos problemas às decisões defensivas não é nada fácil tirar total partido das qualidades do nosso três-de-trás — sem penetrações interiores e jogo combinado para procurar intervalos que permitam impôr superioridade numérica e territorial, a libertação dos espaços exteriores só existe praticamente por acidente, voltando tudo ao início depois de mais uma passagem pelo solo.
No final do jogo a satisfação pela vitória que garantia a ida à Final do Torneio é evidente. Mas muito há ainda para contornar, transformar e melhorar como se percebe quando se analisa cada jogo por si e não embandeirando em arco pelo resultado conseguido… as vitórias são sempre boas mas precisam de ser analisadas pela sua realidade prática. Porque — uma vantagem do Desporto — há sempre uma próxima vez…