O treinador de Portugal, Errol Brain, já tinha posto a mão na chaga: a competitividade do campeonato português não garante o ritmo competitivo necessário para o nível internacional. E foi essa falta de ritmo que impediu a adaptação dos jogadores portugueses e ditou a derrota contra os romenos.
As más condições de terreno e climatéricas tiveram influência na prestação dos jogadores portugueses? Sendo factores no mínimo desagradáveis – tenho ainda na memória um jogo, final da Taça Ibérica, de há mais de quarenta anos que joguei com o mesmo tipo de condições… - mas nada que prejudique mais uns do que outros. A grande maioria dos jogadores portugueses são cosmopolitas, não são meninos-de-coro, a maioria são ou foram profissionais habituados às mais diversas condições de jogo e treino e muitos deles são já conhecedores de muitos campos do mundo. Não terá, assim, sido esse factor a determinar a derrota.
Aliás aquele terreno – por mais paradoxal que pareça – permitiu que a equipa portuguesa iniciasse o jogo na sua zona de conforto: assentar o seu jogo na defesa, procurando a exploração do erro adversário (com dividendos no ensaio de Aguilar) ou de bolas soltas e das desorganizações colectivas adversárias, procurando ainda explorar o contra-ataque nas entregas do jogo-ao-pé adversário.
Fizemos figura de vencedores – todos acreditamos na possibilidade – até onde pudemos. Perdemos quando o desgaste do acompanhamento dos outros nos liquidou. Falta de ritmo, falta de nível competitivo, falta de hábitos contínuos do nível internacional onde competimos, foi o que foi. Mas, pode perguntar-se: então os jogadores que vêm de outros campeonatos com outros níveis, não resolvem esse problema?
Não, não resolvem porque há um princípio fundamental dos jogos colectivos que eles não conseguem fazer ultrapassar: uma equipa vale tanto quanto o seu elemento mais fraco. E portanto o que vai prevalecer no final é a desvantagem dos menos adaptados. E foi isso que se passou: a partir de determinada altura os romenos tomaram conta do jogo e a selecção portuguesa não mostrou mais capacidade de resposta – quantas vezes nos vimos a passar a linha-de-vantagem? E valeu-nos, deve referir-se, algumas incapacidades romenas sempre que pretenderam sair da área do seu ADN natural.
A conclusão a tirar deste jogo parece óbvia: da falta de bom nível competitivo interno resultam derrotas. Derrotas que nos colocam em cada vez pior posição. E mesmo podendo perceber-se que podemos jogar mais do que os romenos o facto, com os 59,07 pontos do Ranking IRB que contámos agora, é que estamos cada vez mais longe dos actuais 64,21 pontos da Roménia. E cada vez mais próximos dos membros do terceiro terço.