sábado, 10 de março de 2012

O DIABO ESTÁ NOS PORMENORES

Um jogo com a Espanha é sempre um momento especial. Porque somos vizinhos, porque nos ensinaram que são o inimigo – de lá nem bom vento nem bom casamento – porque são aqueles que, a não ser a nado, temos que atravessar para chegar a qualquer outro lugar. Seja pelo que for, é sempre especial.

Pessoalmente como jogador nunca ganhei à Espanha – mas ganhei a diversos clubes espanhóis (uma das boas vitórias foi contra o campeão de Espanha, Arquitectura de Madrid, nas comemorações do 25º aniversário do CDUL que, nesta semana, comemora 60 anos).

Como treinador perdi quase sempre – empatamos uma vez. Mas também perdi por uma unha negra, por um diabo de um pormenor: porque alguém tido por bom jogador deixou, a segundos do fim, passar por um buraco de palmo junto á linha um espanhol para o ensaio da vitória; ou porque um juiz de linha português levantou uma incrédula bancada madrilena numa bandeirola a dizer que o ensaio do Hoffman tinha passado por fora do campo, ou ainda porque um australiano auxiliar decidiu que a resposta a um murro espanhol permitia um fácil pontapé debaixo dos nossos postes com três pontos sem esforço. Pormenores onde mora o diabo…

Ao nível de clubes, com o Cascais, estivemos bem no confronto: ganhamos duas Taças Ibéricas.

Se o jogo ibérico tinha sempre uma motivação especial, imagine-se a vitória!

O Portugal-Espanha de amanhã terá o mesmo sortilégio: especial e, na vitória, para a história.

O XV de Portugal, embora jogando em casa, não é, de acordo com a sua posição no ranking IRB, favorito – mas joga um papel de posicionamento futuro importante. Se ganhar (59,68) ultrapassará o Chile (59,52) mas corre o risco, perdendo e se a Bélgica vencer na Moldávia, de descer mais um lugar de ranking. Não vai ser fácil – 11 franceses do lado espanhol contra 5 do lado português – principalmente com morais distintas: do lado espanhol a moral das vitórias que suporta o risco, do lado português o aperto de cinco derrotas consecutivas que inibe. Mas um confronto ibério serve sempre para transcendências – e as alterações de Portugal podem ser uma moral extra - o que é que temos a perder? Veremos de quantos diabos se farão os pormenores do jogo e que resultado deixarão fazer.

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