quarta-feira, 14 de março de 2012

SEM DIABO PARA PORMENORES

A vitória de Portugal sobre a Espanha foi óptima. Uma vitória que, mais do que quatro pontos da classificação, dá ao XV de Portugal uma maior autoconfiança para garantir a exigível vitória com a Ucrânia e a certeza de que o nosso mundo rugbístico está neste Europeu das Nações.

Embora não tenha permitido qualquer subida no ranking – deveria ter sido mais claro e ter informado anteriormente que só a vitória pela diferença de 15 pontos nos permitiria ultrapassar o Chile e subir um lugar como se podia verificar na pontuação do quadro que apresentei – foram conquistados quase dois pontos de ranking. O que é um bom resultado – o segredo do ranking, para além de não perder em casa, é o de aproveitar as oportunidades de vencer equipas com pontuação superior. O dividendo é sempre bom.

Foi uma boa (e necessária) vitória. Mas não foi um bom jogo, foi fracote. Faltou-lhe chispa, emoção, intensidade. E o árbitro não ajudou, prejudicando – não as equipas mas o jogo – a sua fluidez. Com paragens demasiadas, ajudou a um sensaborão traço-ponto pouco emotivo, falho de intensidade. Não fora a vitória e o encontro de velhos amigos e a viagem não teria valido a pena…

A emoção de um jogo de rugby – como o recente Irlanda-Escócia bem demonstrou – resulta da continuidade do movimento. Não de sequências de um lado para o outro numa espécie de trabalho burocrata sem medida ou finalidade até à derrota da falta ou do turnover mas de uma continuidade assertiva de movimento definida como a manutenção de movimento colectivo de posse da bola por forma a criar os desequilíbrios ataque/defesa que garantam a conquista de terreno e a marcação de pontos.

O segredo da continuidade assertiva pertence ao instante da quantidade de movimento – a mistura explosiva de velocidade e poder lançados no intervalo antes que a defesa consiga fechar o corredor, suportada em ângulos de corrida adequados a contrariar o posicionamento defensivo somados a gestos técnicos capazes de manter a bola viva como o passe-em-carga (off-load) ou a capacidade de dar as costas numa insistência permanente de acelerada circulação colectiva efectiva.

Ângulos, rapidez de passes na linha, quantidade de movimento, apoio, passe-em-carga,dar as costas, só ir ao chão obrigado, são os instrumentos para construir a continuidade assertiva do movimento. Criando-se assim a emoção e a eficácia das conquistas territorial e de pontos que garantem o motu continuo da disponibilidade mental de uma equipa vencedora. Ora tudo isto se aprende, tudo isto de ensina. A formação do futuro passa por aqui…para garantir mais, muitas mais, vitórias internacionais.

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