quarta-feira, 9 de outubro de 2013

JOGO A REVER

O último África do Sul-Nova Zelândia merece ser visto de novo e mais do que uma vez. Foi um jogo muito bom! E cheio de ensinamentos, para além de nove - nove! - ensaios.
O primeiro facto remarcável foi a vitória dos All-Blacks: ir ganhar no Ellis Park onde a África do Sul, sob o olhar e alegria de Mandela, se tinha sagrado campeã mundial em 1995, não é para qualquer. Menos ainda com o estilo que vimos. 
Logo duas diferenças entre as equipas. A primeira com os all-blacks a tirarem a bola rapidamente de qualquer reagrupamento através de um qualquer jogador que se aproximasse no momento próprio; do lado sul-africano, pelo contrário, a lentidão do conservadorismo de esperar pelo nº 9 para que a bola pudesse ser "aberta". E daqui duas formas diferentes de exploração da bola. 
De certa maneira a mesma relação entre inovação e conservadorismo se viu na forma de encarar o jogo-ao-pé de ambas as equipas: do lado all-black a procura constante de espaços livres para colocar a bola dentro do terreno de jogo seguida da pressão e cobertura suficiente de terreno para obrigar a pontapé de resposta com recuperação e lançamento de contra-ataques sempre bem apoiados; do lado sul-africano a procura de conquista de terreno esteve mais presente - talvez por convicção da inferioridade da capacidade de conquista dos neozelandeses - e acabou por significar retorno à posição inicial pelo efeito boomerang desta táctica. Duas concepções com resultados muito diferentes.
Duas notas individuais: Richie McCaw mostrou-se, mais uma vez e pesem as cegueiras ou "dores de cotovelo" que impedem viver com a capacidade alheia, um enorme talento: fez 26 placagens e viu-se em todo lado, apoiando em permanência e abrindo linhas de passe que colocavam dúvidas na estrutura defensiva adversária. McCaw é um enorme jogador - encontrando soluções para os companheiros e criando problemas aos adversários como lembra Jorge Valdano - e um notável explorador das Leis do Jogo, percebendo num ápice, da existência ou não de "formação expontânea" para agir em conformidade. 
A outra nota vai para o infeliz Bryan Habana que, apesar de lesionado - e com dor suficiente - foi capaz de manter a frieza suficiente para, em favor da equipa, marcar o pontapé livre após o "marco!" - se não o tivesse feito, a sua equipa, dentro da sua área de 22, seria obrigada a uma cada vez mais difícil - pela 4ª voz - "formação ordenada".
Dois pontos negativos: a "formação ordenada" e a arbitragem de Nigel Owens. Na "formação ordenada" a 4ª voz do árbitro leva, ao contrário do pretendido, à óbvia introdução "torta" - criando uma situação de 8x7 em benefício do infractor, não há médio que resista à garantia de conquista da sa equipa...
A arbitragem foi também mazota e sem já falar em diversos erros de análise, vale a pena referir o paternalismo que impediu a mostra de um "cartão vermelho" à agressão - com o claro objectivo de afastar do jogo o influente McCaw - do pilar sul-africano Tendai Mtawarira.
Nove ensaios, belíssimos ataques a trocar os olhos a defensores - linhas de corrida e angulos a criar contrapés - passes longos, rápidos e das mais variadas maneiras, ataques aos intervalos da defesa apoiados de imediato. Uma beleza. A rever.

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