Naquilo que se pensava ser um jogo sem história, um jogo de vencedor antecipado - pela diferença de pontos e pela diferença de capacidade demonstrada ao longo do ano - o fighting spirit irlandês transformou a teoria numa prática diferente e esteve a segundos daquilo que seria considerado a melhor de todas as vitória de 2013. De um lado e de outro, duas certezas: os jogos só estão ganhos depois de jogados; os jogos só terminam quando o árbitro assim o decide.
Os irlandeses, que fizeram um jogo épico - o seu muito melhor desde há muito tempo - só podem queixar-se de si próprios: quem é que se lembra de correr cedo de mais para "atrapalhar" o chutador?
Mas tire-se também o chapéu aos fenomenais All-Blacks - terá parecido que jogaram menos mas foram os irlandeses que jogaram mais - que conseguiram manter a frieza, a determinação e a boa leitura, já depois do sinal dos 80 minutos, para as boas decisões e chegar ao ensaio na última oportunidade que tiveram.
O árbitro, o galês Owen, esteve à altura dos jogadores: boas decisões, explicações quanto baste, clareza nas informações, consistência nas acções. Na última decisão fez - com a coragem intelctual devida - o que deveria fazer: mandar repetir. É preciso ser uma grande equipa para não tremer e confiar uns nos outros em momentos daqueles.
Um jogo para ficar a memória de todos os que o viram. Notável! Uma lição de jogo, com aposta nos riscos necessários para atingir vitórias, uma demonstração de capacidade de combate extraordinária. Um dos melhores jogos do ano. Um verdadeiro jogo colectivo de combate.