sábado, 6 de fevereiro de 2021

LOBOS: DIFÍCIL MAS NÃO IMPOSSÍVEL

Com o ponto de bónus administrativo recebido pela Roménia — ganhou 28-0 por falta da Bélgica — este jogo entre os Leones e os Lobos passou a contar mais do que o prestígio ibérico ou a possibilidade de ver o estado competitivo de cada equipa. Os três qualificados deste European Rugby Championship 2020 garantem para o próxima etapa de qualificação para o Mundial 2023 que, no torneio de 2021 terão dois jogos em casa e três fora, beneficiando da situação contrária no torneio de 2022. E como a qualificação do Mundial é determinada pelo somatório dos resultados dos dois torneios... percebe-se a importância futura do jogo e do seu resultado. 

Para Portugal o jogo não será fácil e é isso mesmo que o actual posicionamento do ranking da World Rugby mostra. Em teoria, 16 pontos farão a diferença final do resultado favorável à Espanha. E existe um histórico — 36 jogos com 10 vitórias e 2 empates para Portugal — que ajuda à perspectiva de favoritismo espanhol. Mas Portugal, os Lobos, que não defrontam a Espanha desde 2016, podem contrariar os prognósticos e vencer? Podem!

É pelo menos essa a confiança de Patrice Lagisquet, o selecionador nacional: "...não somos favoritos mas podemos vencer." Com um bloco de avançados essencialmente formado por jogadores — sete — que jogam o campeonato francês, o XV de Portugal consegue, desde logo, equilibrar a diferença de competitividade que os jogadores internos de ambos os países apresentam: em Espanha o campeonato principal vai na sua 9ª jornada para um português, na sua fase mais competitiva, de apenas 3 jornadas cumpridas.

A questão que envolve o jogo é esta: com o resultado atribuído à Roménia, só o vencedor deste Espanha-Portugal garantirá um lugar nos três primeiros da classificação e terá, por isso, acesso à teórica vantagem de ter mais jogos em casa na recta final do apuramento para o Mundial de 2023.

Mas, como se pode retirar dos quadros que seguidamente se apresentam, Portugal não tem, nos resultados obtidos nas anteriores jornadas do Rugby Europe Championship — embora haja uma boa diferença entre o Uruguai (fora) e o Brasil (casa) que constituíram os últimos adversários de ambas as equipas — uma visível inferioridade em relação à Espanha. E como não haverá público para ajudar os Leones... tudo é possível.  

 
As duas equipas equivalem-se na sua capacidade competitiva onde a diferença favorável à Espanha se faz apenas no facto de o seu somatório de pontos marcados ser essencialmente constituído por ensaios. O que demonstra uma boa capacidade atacante — mas o próprio seleccionador espanhol, Santi Santos, reconhece as qualidades defensivas portuguesas.


Em termos quer de compacticidade física — relação peso/altura — quer de experiência definida pelo número de internacionalizações, as duas equipas são muito equivalentes. No campo da experiência e a partir da meia-dúzia de internacionalizações já ninguém se deixa dominar pela pressão... E o cinco-da-frente português apresenta-se formado por jogadores muito capazes e com bom nome nos campeonatos franceses.

Aparentemente o resultado final irá depender da capacidade portuguesa de disponibilização rápida da bola (menos de 3s é o tempo óptimo) nos reagrupamentos — papel crucial do cinco-de-trás do bloco de avançados —  e de um jogo-ao-pé acutilante que coloque problemas — que os "meta em respeito", diz-se — ao três-de-trás espanhol. Porque, se assim fôr, as linhas atrasadas portuguesas terão o espaço e o tempo necessários para impôr pressão à defensiva adversária e mostrar as suas qualidades e eficácia atacantes. 

Portanto, difícil mas não impossível a procura da vitória que os nossos Lobos, com a sua habitual resiliência, nos garantirão neste jogo que abre uma época internacional muito importante no conjunto de jogos que tem um objectivo final: presença no Mundial 2023.

Força, Lobos!

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