Com o ponto de bónus administrativo recebido pela Roménia — ganhou 28-0 por falta da Bélgica — este jogo entre os Leones e os Lobos passou a contar mais do que o prestígio ibérico ou a possibilidade de ver o estado competitivo de cada equipa. Os três qualificados deste European Rugby Championship 2020 garantem para o próxima etapa de qualificação para o Mundial 2023 que, no torneio de 2021 terão dois jogos em casa e três fora, beneficiando da situação contrária no torneio de 2022. E como a qualificação do Mundial é determinada pelo somatório dos resultados dos dois torneios... percebe-se a importância futura do jogo e do seu resultado.
Para Portugal o jogo não será fácil e é isso mesmo que o actual posicionamento do ranking da World Rugby mostra. Em teoria, 16 pontos farão a diferença final do resultado favorável à Espanha. E existe um histórico — 36 jogos com 10 vitórias e 2 empates para Portugal — que ajuda à perspectiva de favoritismo espanhol. Mas Portugal, os Lobos, que não defrontam a Espanha desde 2016, podem contrariar os prognósticos e vencer? Podem!
É pelo menos essa a confiança de Patrice Lagisquet, o selecionador nacional: "...não somos favoritos mas podemos vencer." Com um bloco de avançados essencialmente formado por jogadores — sete — que jogam o campeonato francês, o XV de Portugal consegue, desde logo, equilibrar a diferença de competitividade que os jogadores internos de ambos os países apresentam: em Espanha o campeonato principal vai na sua 9ª jornada para um português, na sua fase mais competitiva, de apenas 3 jornadas cumpridas.
A questão que envolve o jogo é esta: com o resultado atribuído à Roménia, só o vencedor deste Espanha-Portugal garantirá um lugar nos três primeiros da classificação e terá, por isso, acesso à teórica vantagem de ter mais jogos em casa na recta final do apuramento para o Mundial de 2023.
Mas, como se pode retirar dos quadros que seguidamente se apresentam, Portugal não tem, nos resultados obtidos nas anteriores jornadas do Rugby Europe Championship — embora haja uma boa diferença entre o Uruguai (fora) e o Brasil (casa) que constituíram os últimos adversários de ambas as equipas — uma visível inferioridade em relação à Espanha. E como não haverá público para ajudar os Leones... tudo é possível.
As duas equipas equivalem-se na sua capacidade competitiva onde a diferença favorável à Espanha se faz apenas no facto de o seu somatório de pontos marcados ser essencialmente constituído por ensaios. O que demonstra uma boa capacidade atacante — mas o próprio seleccionador espanhol, Santi Santos, reconhece as qualidades defensivas portuguesas.