As meias-finais do Mundial Feminino 2021 tiveram o resultado esperado: final entre a Inglaterra e as Black Ferns, as neozelandesas.
Mas não foi nada fácil para as neozelandesas apurarem-se para a final: a França falhou, no último minuto de jogo, a penalidade, que lhe daria a vitória. Um enorme azar que pesará na chutadora Caroline Drouin durante muito tempo…
Quaisquer dos jogos das meias-finais foram muito bem disputados e com elevado nível do rugby jogado. Então no Nova Zelândia-França vimos uma excelente demonstração de conceitos tácticos que caracterizam o jogo. Graham Henry considera que o jogo de rugby é uma corrida pela Linha de Vantagem, pois foi o que vimos de um lado e do outro — dando para perceber a vantagem do conceito. A rapidez de subida defensiva francesa foi notável diminuindo muito as capacidades atacantes das Black Ferns — esta equipa neozelandesa, como os All Blacks, tem a preocupação permanente de criar, pela organização em pequenos grupos, uma grande fluidez atacante na procura de espaços que, evitando o choque directo, desorganizam a defesa adversária e permitem a continuidade dos movimentos com permanente conquista de terreno. A subida rápida e muito bem organizada — trabalho notável que está por trás daquilo que vimos — das francesas impediu a habitual e letal utilização da 2ª linha atacante. Terminando o jogo com um pouco esperado menor número de ensaios (2) das neozelandesas em relação ás francesas que marcaram 3 ensaios.
Num jogo muito equilibrado e com o domínio territorial dividido (51% contra 49% favorável às vencedoras), com 307 placagens e uma vantagem francesa nos alinhamentos, as Black Ferns tiveram uma maior posse de bola (56%) conquistando mais 200 metros e o dobro de ultrapassagens da linha-de-vantagem mas sem conseguir, graças, repete-se, à muito boa organização defensiva francesa traduzir em vantagem no resultado. Um excelente jogo para se (re)ver. Veremos agora as transformações que Wayne Smith fará para garantir a final…
A Inglaterra, com menos domínio territorial e de posse da bola (44%) e com menos ultrapassagens da linha-de-vantagem, conseguiu, com a sua capacidade defensiva colectiva e individual — 88% de placagens contra 77% das canadianas — igualar o número de ensaios e com uma maior disciplina, vencer a meia-final.