Nestes últimos jogos de preparação algumas surpresas e algumas ensinadelas nas curiosidades que se formaram. O mítico Twickenham terá sido o palco das maiores surpresas: a primeira na copiosa derrota dos AllBlacks frente à África do Sul por 28 pontos de diferença no que representa a maior derrota de sempre dos neozelandeses; a segunda na inesperada derrota da Inglaterra com os fijianos por 22-30 no que implicou, como se pode ver no quadro, a mudança de posições no ranking da World Rugby. Seja como fôr, a confiança sul-africana estará muito elevada a duas semanas do início a que muito ajuda uma defesa numa cunha muito bem estudada e muito eficaz e um banco de grande qualidade. Quanto aos fijianos, vigiados por toda a equipa técnica galesa, estarão a preparar-se para fazer a vida dura ao XV do País de Gales na procura de passagem para os quartos-de-final. Belo aquecimento para a visão mundialista.
E no fundo se estes jogos surpreendentes nos mostraram também a inconsistências de alguns jogadores considerados de nível bem elevado, também podemos ver essa inconsistência nalgumas equipas de arbitragem alertando, nomeadamente, para as diferenças de interpretação de uns e outros e da sua pouca disponibilidade para analisar foras-de-jogo na sequência do jogo-ao-pé. Se não houver o cuidado — atenção responsáveis da arbitragem! — de garantir a coerência de processos não faltarão embaraços no Mundial.
Se a Escócia ganhou com a facilidade esperada e a Itália com facilidade inesperada, já a Irlanda, cabeça do ranking, conseguiu, com a diferença de escassos 4 pontos, uma vitória muito apertada e, por isso, também estranhamente inesperada.
No França-Austrália os franceses dominaram o resultado do jogo mas no campo não foi como os números indicam ficando-se num 4-3 em ensaios, valendo-lhes uma melhor capacidade defensiva — para além da indisciplina australiana que proporcionou 5 transformações de 14 penalidades cometidas — para garantir o resultado. Do lado da Austrália uma evidência: Eddie Jones não sabe, como mostrou não saber com a Inglaterra, o que fazer com a equipa — existe uma notória falta sistémica de conjunto e ninguém parece entender muito bem o papel que é suposto representar.
O jogo não serviu o que penso deveria ser o pretendido. Em vez de uma equipa a mostrar ritmo e intensidade elevada que nos aproximasse daquilo com que nos iremos confrontar, a Austrália A mostrou-se lenta, jogando pelo lado cómodo e, assim, este jogo, foi um treino de pouco interesse. Veja-se que a Argentina ao vencer a Espanha por 62-3 mostrou bem a diferença entre as equipas que se estão a preparar para o Mundial e as outras que se limitam a jogar sem pretensões especiais. Os Lobos confrontaram-se num erro de perspectivas com duas equipas — USA e Austrália A — que, não tendo de momento quaisquer pretensões competitivas, foram mais uma ilusão do que a realidade necessária para quem, dentro de dias, terá que dar um salto qualitativo para um nível que não está nos seus hábitos. No entanto a equipa portuguesa — indisciplinada — continuou a cometer demasiadas faltas que deram lugar a penalidades. E se algumas alterações ou substituições se percebem mal, fica-nos a garantia da qualidade de Nicolas Martins que, com um belo jogo, quer defensivo quer no apoio atacante que proporcionou. Mas este resultado de 30-17 tem uma vantagem dado o nome da equipa adversária: irá, como em 2007, atrair os portugueses que vivem em França aos estádios de Nice, Toulouse e Saint-Étienne. onde os Lobos jogarão.
A partir de agora restam alguns dias para os últimos retoques na afinação das tácticas que permitem a execução das estratégias pensadas (falaremos disso no próximo texto).