quarta-feira, 23 de agosto de 2023

GARANTIR UM LUGAR NA EQUIPA


Por jogar em casa contra um adversário para o qual tinha uma diferença superior a dez pontos de ranking, a França, apesar da vitória por mais de quinze pontos de diferença — o que normalmente lhe aumentaria em vez e meia o valor normal da vitória — perdeu o seu 3º lugar do ranking para a África do Sul que venceu em Cardiff uma equipa galesa que ainda não se encontrou depois das enormes dificuldades, inclusivamente financeiras, que a pandemia provocou nos seus clubes. No entanto — e para além de um ensaio-de-penalidade com o qual não concordo após ter visto as inúmeras repetições: o atacante sul-africano perdeu o controlo da bola para a sua frente e só depois houve desvio por parte do galês Rio Dyer, ou seja, houve adiantado sul-africano e em vez de ensaio-de-penalidade seria formação ordenada a cinco metros favorável a Gales* — deva referir-se que os sul-africanos estão a apresentar um rugby muito interessante, mais movimentado e menos de colisão directa, que fazem deles — actuais campeões mundiais, refira-se — e ao contrário do que pareceria há meses atrás, outro dos candidatos reais à conquista do título. Veremos o que nos mostrarão no próximo sábado, em Twickenham, no encontro de preparação com a Nova Zelândia…

Deixando de lado as vitórias esperadas e largas da Geórgia e da Itália — que demonstrou mais uma vez a atual incapacidade da Roménia — os dois outros jogos permitiram um bom entretenimento.

O domínio territorial da Inglaterra (59%) e mesmo a sua proximidade na posse da bola (48%) não impediu a marcação de 5 ensaios irlandeses que, mais uma vez demonstraram a sua capacidade de movimento e apoio e a manifestação de novo de uma sua bem conhecida características: a rapidez de libertação da bola (menos de 3 segundos para a maioria dos casos) nas situações de contacto o que coloca a defesa em constantes desequilíbrios, permitindo o movimento eficaz — e é de tal maneira assim que os irlandeses conseguiram ultrapassar 57 vezes a linha-de-vantagem para os 5 ensaios marcados — os ingleses ultrapassaram a linha-de-vantagem por 46 vezes para marcar apenas 1 ensaio. Como marca deste jogo fica-nos a expulsão de Owen Farrell que viu o bunker (raio de nome…) passar o amarelo a vermelho, ser ilibado por um conselho e ver a World Rugby a fazer o processo voltar atrás e a impôr um castigo de 4 jogos, com a simpatia de retirar 2 jogos aos 6 que a regra imporia.

Do jogo da França fica-nos também um caso particular e que representa um aspecto de que sou defensor — o substituto do nº 8, Alldritt, foi o talonador Maukava (que igualou o máximo de placagens da equipa com 16 realizadas) mostrando assim que a terceira-linha de uma equipa é constituída por 4 unidades: um asa, um fechado, um 8 e um talonador (e tive nas selecções bons jogadores — Nuno Morais e Luis Filipe Morais por exemplo — que desempenharam com grande qualidade o conceito). Curiosamente a França — sem poder contar com o diferenciador Ntamack e recorrendo a uma equipa ainda experimental — ganhou o jogo com uma boa diferença fá-lo com 44% de controlo de terreno (só 30% na 2ª parte) e com menor posse da bola (46%) mas vence num 3-2 de ensaios. Mas no fundo, terá sido a indisciplina fidjiana — com 6 penalidades que permitiram 15 pontos concretizados — que acabou por permitir o sossego do resultado. Note-se que enquanto que a França fez 57 ultrapassagens da linha-de-vantagem, Fiji conseguiu 80 a partir, respectivamente, da conquista de 6 formações, 13 alinhamentos e 67 rucks contra 7 formações, 16 alinhamentos e 119 rucks. No fundo a defesa dos franceses, liderada por Shaun Edwards com 87% de sucesso, terá sido a chave do êxito para o nível pouco eficaz do jogo. No próximo domingo, contra a Austrália e no último jogo de preparação encontraremos novas certezas.

* perguntar-se-á: porque que é que depois de tantas repetições a TMO não percebeu a sequência dos factos? Porque se focou demasiado da direcção da bola pós-toque do jogador galês.

NOTA RECTIFICADORA de 23 de Agosto: Vi hoje a análise de Nigel Owens sobre o ensaio-de-penalidade atribuído à África do Sul no jogo contra Gales e que dá razão à minha análise e considera, como eu, não ter havido situação para a sua marcação ou para o cartão amarelo Lembra, no entanto, uma situação que não levei em conta e que me levou a referir que deveria ter sido marcada uma formação-ordenada. Não devia porque, como lembra Nigel Owens, estava a jogar-se uma vantagem de penalidade favorável aos sul-africanos. Logo o jogo recomeçaria com a execução de uma penalidade no sítio onde o árbitro terá designado a vantagem.           Confere: https://youtu.be/TyKyjeYCnA0?si=NCAXkgwFEHkDTwFJ 

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