A duas semanas do início do Mundial 2023, as equipas fazem o seu apronto final — a partir daqui será o isolamento nos seus quarteis-generais a colocar cada uma das equipas nas suas melhores condições e que permitam a confiança necessária para encarar cada uma das finais que terão de realizar em cada um dos jogos.
E por falar em finais, temos logo no primeiro jogo, já hoje ao final da tarde, um Nova Zelândia-África do Sul que pode muito bem ser, num estádio neutro como Twickenham, uma antecipação do que pode, eventualmente, vir a ser a verdadeira final ou… apenas o acesso de uma às meias-finais. Com proximidade na pontuação e nas posições do ranking mundial e embora a Nova Zelândia seja, teoricamente, dada como favorita — é suposto vencer por uma diferença de 3 pontos — o jogo não tem vencedor antecipado. De qualquer maneira o desenrolar do jogo dar-nos-á uma visão mais específica da capacidade de cada equipa, nomeadamente na velocidade da libertação da bola — um factor, um “X Factor”, de cada vez maior importância no domínio dos tempos do jogo. E poderemos ver se a forma de jogar em maior movimento dos sul-africanos já se adapta a jogos em que a equipa adversária é capaz de enorme pressão defensiva. Dos AllBlacks espera o costume, um jogo de encher o olho em que a continuidade do movimento assenta numa compreensão permanente das intenções do portador. Ou seja, na capacidade de leitura colectiva de um conjunto que se comporta acima da própria equipa.
O Inglaterra-Fiji, também em Twickenham mas amanhã, pode proporcionar-nos a visão do papel que a Inglaterra poderá ter no Mundial: candidata ou de mera presença. E, quanto a Fiji, mostrar-nos quão ameaçador pode ser para australianos ou galeses na procura da definição dos dois primeiros lugares do Grupo C — onde também está Portugal. Veremos se houve a necessária melhoria disciplinar que permita que a proximidade do resultado dê a confiança necessária aos jogadores fijianos para expressar o seu melhor e aparentemente aleatória forma de utilizar a posse da bola.
No França-Austrália que se jogará no Stade de France e que nos mostrará a estrutura francesa mais próxima da sua melhor equipa dando-nos a oportunidade para ver até onde — e com que eficácia — irá ser utilizado o conceito de Fabien Galthié de dépossession, isto é, de entregar, com jogo-ao-pé, a posse da bola ao adversário mas obrigando-os a correr muitos riscos para voltar à zona de terreno onde se encontravam para conseguir o apoio possível dos companheiros e tendo que manobrar uma defesa que sobe depressa na procura de obrigar os atacantes ao jogo “desorganizado” e portanto mais sujeito a erros ou a chutar a bola contra uma equipa que, lá atrás, já se encontra organizada para o contra-ataque, tirando partido da reconhecida capacidade técnica individual dos três-quartos franceses. Por sua vez a Austrália tem neste jogo a oportunidade de demonstrar que os métodos de Eddie Jones estão a funcionar e que a colocam no objectivo de vencer o Grupo C do Mundial.
Claramente a Escócia e a Irlanda, com evidentes jogos-treino, ganharão os seus jogos com facilidade e, embora num jogo mais equilibrado, a Itália deverá vencer o Japão até porque as linhas-atrasadas italianas têm vindo a mostrar boas capacidades.
Resta, no único jogo que não contará para a classificação do ranking da World Rugby, o jogo de Portugal — curiosamente existem mais informações sobre qualquer das outras equipas que disputarão o Mundial do que as existentes sobre a equipa dos Lobos que só hoje, ao final da tarde, deu a conhecer a constituição da equipa… — contra uma segunda equipa australiana que pode ajudar à adaptação dos jogadores portugueses à intensidade que os jogos internacionais de melhor nível impõem. A equipa apresenta algumas alterações — umas eventualmente por lesões, outras por decisão como será o caso do capitão Appleton — em relação ao último jogo com os Estados Unidos. Mantém-se a primeira-linha com Fernandes, Tadjer e Alves, na segunda-linha entra Torgal por Cerqueira e na terceira-linha Rafael Simões ocupa o lugar de nº 8 pelo lesionado Freitas. Nos médios retorna Portela e Pedro Bettencourt ocupará o lugar de 1ºcentro, ficando Tomás Appleton no banco. No três-de-trás entra Raffaele Storti para o lugar de Vincent Pinto, mantendo-se os capacíssimos Rodrigo Marta e Sousa Guedes nos seus lugares habituais. Num jogo de que não tenho notícia de que o poderemos ver por transmissão televisiva, ficaremos apenas à espera do resultado. A não ser — o que seria bom! — que, no mínimo, haja filmagens que permitam uma transmissão diferida via Rugby TV..
NOTA RECTIFICADORA: A FPR pôs hoje, 25 de Agosto, uma nota em NOTÍCIAS do seu site (https://fpr.pt/noticias/detalhe/transmissao-rugby-tv-portugal-x-australia-a) de que o jogo Portugal-Austrália A será transmitido, amanhã, sábado pelas 19:00 horas na RUGBYTV. Ainda bem!!! Ou, como diz o outro: mais vale tarde do que nunca!