segunda-feira, 14 de agosto de 2023

DE OUTRO CAMPEONATO

Com a vitória por surpreendentes 26 pontos de diferença, pode dizer-se que Portugal conseguiu o melhor resultado desta recente “jornada”de preparação para o Mundial.
Também Tonga e a Geórgia conseguiram resultados volumosos, vencendo os seus adversários sem grandes dificuldades, notando-se, no entanto que a Geórgia — nossa adversária de Grupo —  defrontou a Roménia que também se encontra apurada para disputar o Mundial, ao contrário do Canadá, a quem aplicou uma diferença de 50 pontos — sorte romena que a diferença de mais de 10 pontos de ranking não alterou a sua posição…


Se o Chile-Namíbia representou uma surpresa com a derrota em casa dos chilenos, os restante jogos tiveram resultados com diferenças muito menores do que o esperado. O Inglaterra-Gales foi um jogo sensaborão e ainda se estará para perceber como foi perdido pelos celtas — jogaram tempo suficiente contra 12 ingleses e não souberam fazer a diferença necessária para garantir a vitória. Qualquer das duas equipas cometeu erros primários de recepção e posse de bola que só pode — porque foi mau de mais — significar uma absoluta incapacidade física por treinos que têm o objectivo da melhor condição daqui a um mês. Enfim, o velho conhecido: importante é jogar bem no Mundial, agora…

Pelo contrário, o França-Escócia foi um belo jogo com as acelerações necessárias para garantir a perfuração de intervalos a quase nos fazer crer, se mais desatentos, em incapacidades defensivas elementares. Mas tratou-se mais de boas explorações de espaços e tempos do que de falhas defensivas. Mesmo se em alguns momentos a paragem do movimento mandasse mais do que a continuidade. E de um 13-10 ao intervalo e que foi de imediato transformado num 20-10 favorável aos franceses, chegou-se a um 27-27 em cima do último minuto a que um erro da primeira-linha escocesa (incapacidade física? que se confirmaria num adiantado escocês na sequente última jogada) permitiu transformar em 30-27. E viu-se a diferença que faz Ntamack, lesionado e substituído aos 53 minutos.

Se é um facto que Portugal conseguiu um muito bom resultado com 7 ensaios marcados — embora um deles de penalidade que considero erro do árbitro (Vincent Pinto, placado, manteve-se agarrado à bola…) — e fazendo uma aceitável utilização da bola com 40% de ultrapassagens da linha-de-vantagem para conseguir em 27% das rupturas 6/7 ensaios, o jogo não deixou de levantar alertas. O problema — muito grave e que resulta da mania da “arbitragem preventiva” que grassa nos campos portugueses e que leva, por um lado, ao benefício do infractor e, por outro, a que os jogadores abusem da ilegalidade para atrasar o jogo adversário porque sabem que irão ser avisados e não serão punidos — mas no nível internacional a conversa é outra e foram penalizados, para além de 2 amarelos, com 18 (ao que consta) inadmissíveis penalidades.  Portanto a indisciplina marcou a postura da equipa num jogo que deve ser visto —  como aliás o fez Patrice Lagisquet que foi, no que me surpreendeu, bastante realista e se deixou de optimismos serôdios — pelo lado das imperfeições a moldar e não como uma demonstração de eficaz capacidade. Porque a realidade é esta: a equipa americana é uma equipa em formação — jogaram apenas 5 jogadores que estiveram presentes no Dubai — e permitiu-nos fazer aquilo que sabemos demonstrar contra as bélgicas e holandas do costume, usar a posse da bola em jogo de movimento. Porque sem estar expostos a pressão os nossos três-quartos tinham o espaço/tempo necessário para mostrar as suas capacidades sem exigências de pormaior. E neste quadro, refira-se Nuno Sousa Guedes que, para além das rupturas conseguidas com espectaculares quebras-de-linha, ainda jogou, 10 minutos, a formação, fazendo-me lembrar um Portugal-Espanha de sub-18 jogado no Jamor e que ele ajudou a vencer ocupando o lugar 9 por lesão do jogador habitual. É de facto um jogador de grande categoria.

Facto, facto, é que se percebe mal a proposta que nos foi feita de marcação deste jogo contra uma equipa que está, actualmente, noutro mundo, num estádio de preparação para outros futuros. Enquanto outras equipas, mesmo posicionadas abaixo de nós, se preparam com outras equipas que estarão no Mundial, aos portugueses é dado como preparação um jogo que nada tem a ver com a intensidade e pressão que teremos de enfrentar. E a Geórgia e Fiji, os nosso adversários menos cotados, terão três jogos de preparação. A nossa adaptação não será fácil e não vale a pena criar ilusões com este jogo — foi de um outro campeonato. E um outro jogo com uma equipa com os olhos e pensamento no Mundial, daria jeito — e não parece que seja o XV australiano, pela própria constituição e pelo momento, o adversário-treinador ideal. 

 

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