Primeira página de A Bola numa merecida homenagem — que se aplaude — a Os Lobos |
Notável vitória como resultado do melhor jogo de sempre da selecção de Portugal! Desta vez Os Lobos mostraram uma qualidade colectiva de primeiro nível, com uma coesão que ainda não tinham mostrado — cada movimento mostrou-se eficaz com o surpreendente apoio de jogadores não esperados que, agora sim, fizeram jus ao sentimento colectivo que não tinham conseguido mostrar contra georgianos ou contra 13 australianos. Desta vez, ao contrário das anteriores onde parecia valer mais a exposição de capacidades do que a eficácia do uso da bola, o objectivo esteve claro nas mãos, cabeça e pés dos generosos Os Lobos: usar as qualidades da equipa para vencer o jogo! E de novo Samuel Marques — que já nos tinha colocado no Mundial com o pontapé final contra os USA — veio e depois de um jogo-ao-pé tacticamente muito assertivo, definir um 24-23 de maravilha, colocando-nos à frente da Geórgia e com a imagem inesquecível da 1ª vitória num Mundial. E, com a vitória, o acesso — melhor lugar de sempre — ao 13º lugar do ranking da World Rugby…
E desta vez a Eficácia manifestou-se |
Desde o início do Mundial que Os Lobos se mostraram sempre generosos e com uma atitude competitiva muito elevada a que apenas uma postura desarticulada que não permitindo a coesão necessária à unidade de acção também não permitia traduzir em eficácia movimentos que na aparência mereceriam melhor sorte. Felizmente desta vez surpreenderam com a transformação conseguida.
Agora, anotando as diversas lições — e não sendo a menor a sorte do apuramento— que podemos tirar da nossa participação e acesso a este Mundial, teremos que preparar o apuramento para 2027 na Austrália. E que deve começar pela organização interna de acordo com os objectivos competitivos que se pretendam atingir. O que significa campeonato interno equilibrado e competitivo, Lusitanos a serem o espaço-base da preparação internacional, retorno da Força 8 para preparar os primeira-linha de amanhã e um apoio aos jogadores portugueses que jogam no estrangeiro para acesso a melhores clubes.
Cantemos — lembrando a capacidade de luta de todos e cada um, os ensaios de Storti, Marta e Fernandes — chapéu grande pilar! — o pontapé exemplar de Mike Tadjer, o encaixe aéreo de Jerónimo Portela, o papel de todo-o-terreno de Nicolas Martins, as diversas e legantes conquistas de bola nos alinhamentos — o tempo da vitória mas sem deixar que o canto, por deslumbramento, desafine e que este excelente jogo — o melhor de sempre, repito — seja efectivamente o princípio de acesso a um nível internacional elevado.
(Versão do texto publicado no Público a 9 de Outubro de 2023)