sábado, 15 de outubro de 2011

OPORTUNIDADE JOGADA FORA

Concedo: a defesa ganhou o jogo. A passiva e quase incapaz França vê-se na final do Mundial graças à sua experiência - náo armes em campeão que a gente não se aguenta - e ao jogo de "tocaia" que soube fazer. Também concedo: é preciso alguma qualidade para o conseguir...


Para contentamento dos negativistas contentinhos - género eu não disse? - da escola a defesa é que ganha o momento é de felicidade com a folha de estatísticas na mão: França com 126 placagens contra apenas 56 de Gales. Como se isso dissesse alguma coisa do jogo para além da demonstração óbvia de que a defesa ganha, quando o ataque dos outros é incapaz (claro que a má defesa não deixa ganhar jogos ... mas isso é outra estória...)


A realidade: a defesa francesa ganhou o jogo porque o ataque galês o perdeu: nos dois pontapés imperdíveis falhados (contra uma defesa que faz o seu papel não se pode falhar a conversão das faltas ou o terreno que possa proporcionar); na cabeçada do centro Davies quando a auto-estrada o levava para o pátio do castelo adversário; no adiantado do excelente North de intervalo aberto na última linha defensiva francesa. E nas bolas perdidas em alinhamentos próprios. Ou, ainda, na incapacidade de jogar adequadamente as continuidades do jogo - sem criatividade e de acordo com as expectativas da defesa não criando quaisquer desequilíbrios que provocassem faltas ou abrissem buracos - de que foi exemplo a nulidade das 20 fases do final do jogo (que diabo, não haveria ninguém para tentar um pontapé de ressalto no período de domínio territorial após o ensaio?) Ou ainda - questão central - no disparate do jovem capitão Warburton que se deixou expulsar (embora o cartão devesse ser amarelo e se perceba mal a rigidez da atitude do árbitro) de forma gratuita e irresponsável e com absoluto prejuízo da sua equipa, quiçá com a carga de responsável primeiro pela derrota. Para não falar no único momento de azar: a saída do pilar Adam Jones. Ou da impossibilidade do importante abertura Priestland. A sorte não andou por ali mas também foi mal procurada. Sortes...


A justificação do resultado: a juventude galesa rendeu-se aos braços da ratice dos experimentados franceses e jogou fora a oportunidade de uma vida. Sortes...


A França - não jogando - está final do Mundial, no que não deixa de ser um belo feito para uma equipa dada como liquidada.


Mas o futuro está com Gales - mesmo que o consolo seja pouco e o sentimento de oportunidade jogada fora se sobreponha. Cardiff estará inconsolável... até ao jogo de disputa do terceiro lugar.


[a lucidez do francês Médard no final do jogo: os deuses do rugby estiveram connosco]

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