domingo, 16 de outubro de 2011

QUE JOGO!

Avançar com apoio para garantir a continuidade e exercer a pressão que desorganiza a defesa
Que jogo! Do primeiro ao último minuto o jogo fez-se, quer do lado neozelandês dos vencedores, quer do lado dos australianos, de acordo com a estratégia e as tácticas que definem o rugby como um jogo de ataque. Para voltar a ver e para mostrar – tal como o outro jogo de grande nível deste Mundial, o Gales-Irlanda.

A simplicidade do jogo traduz-se nisto: o seu objectivo é fazer chegar, tão rápido quanto possível, o portador de bola á área de ensaio adversário. Tudo o resto – passes, chutos, corridas, fases, tempos e ritmos – são instrumentos colectivos a utilizar para desequilibrar e desorganizar a oposição permanente ataque/defesa. Utilizando sempre a vantagem da posse da bola – o ataque age e a defesa reage – para procurar surpreender a defesa. Aliás, se assim não fosse – se a prevalência fosse inexoravelmente da defesa, qual destino inibidor, qual seria o gozo do jogo?

Para que seja possível o objectivo – chegar à área adversária com a bola ou converter as faltas que as defesas fizeram para o evitar – é necessário saber aplicar em cada momento os Princípios Fundamentais ou Básicos do Rugby: Avançar sempre!; Apoio; Continuidade; Pressão. A que se devem acrescentar os 3 Pês de que fala Saxton (no ABC agora reeditado): Possesion (posse da bola); Position (ocupação do terreno); Pace (velocidade). E, já agora, que se junte a trilogia de recomendações dos desportos colectivos: Play Hard; Play Together; Play Smart – joguem no máximo, joguem juntos e joguem com inteligência.

E foram estas as preocupações que se viram em ambas as equipas num jogo de grande qualidade competitiva.

Os All-Blacks começando de forma superior – Piri Weepu hoje atacou a bola nos reagrupamentos com outra velocidade sendo, embora perdendo pontos nos pontapés aos postes, muito mais decisivo na dinâmica da sua equipa – não deram espaço aos australianos que nunca – muito por graça do três-de-trás neozelandês que esteve soberbo no jogo aéreo -  conseguiram a conquista territorial que lhes permitisse a posição para basear o lançamento dos seus ataques.

E houve jogadores, mais negros que amarelos, que tiveram participações excelentes. De entre os quais saliento Conrad Smith – que notável jogador na discrição da sua participação: está sempre no sítio certo, usa a bola com oportunidade e adequadamente, defende o seu corredor com determinação e eficácia. Grande nº13. Notável. Gostaria sempre de poder contar com ele numa equipa minha…

E de novo se constatou um velho preceito rugbístico: os avançados ganham os jogos; os três-quartos dizem por quanto. O bloco avançado All-Black – o seu cinco-da-frente -  dominou completamente e nas diversas fases do jogo os seus adversários e a partir daí estava lançada a plataforma que sustentaria a vitória. Sempre com base no avanço, conquistando centímetros ou metros, e no lançamento de jogadores em movimento – numa lição a reter e a transportar para o campo da formação de jogadores. Porque não se joga assim porque se nasceu assim: é porque se aprendeu a jogar assim!

Curiosamente no final do jogo, respondendo ao como preparar a final, Graham Henry declarou: trabalhando o básico! E são eles a melhor equipa do mundo…

O rugby é um jogo de ataque e desenvolve a sua eficácia colectiva em torno de princípios estratégicos que exigem a adequação e subordinação das tácticas utilizadas. Atacando e defendendo, uma equipa de rugby, para ser vitoriosa ao nível mais elevado, tem que saber ser eficaz em ambos os departamentos. Mas é o ataque que ganha jogos e a defesa que o garante.

[em relação ao cartão vermelho mostrado a Sam Warburton: de facto e lendo o esclarecimento
da IRB, quando um jogador, forçado pelo placador, atinge o solo com a cabeça ou parte superior
do corpo e os seus pés ainda estão no ar é considerado jogo perigoso e está sujeito a um cartão
vermelho. Foi o que aconteceu]

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