domingo, 9 de outubro de 2011

FUNCIONAMENTO DA LEI 60/20

Ao contrário das expectativas, a vitória dos All-Blacks sobre a Argentina não foi brilhante e viveu da lei dos mais fortes - cumprindo-se a lei 60/20 (ver aqui) e distanciando-se apenas no final do jogo. Mas se o jogo teve alguma coisa interessante, foi a resistência argentina.

A defesa argentina, ao não se deixar empenhar em demasia em cada movimento conseguiu sempre manter jogadores livres para intervirem em ajuda – e foram muito bons a cortar as linhas de passe, impedindo assim que o apoio neozelandês tirasse qualquer partido dos desequilibradores passes-em-carga (off-loads). Para evitar esta vantagem argentina seria preciso que às paragens das cargas neozelandesas correspondessem libertações muito rápidas da bola. Nada disso aconteceu, pelo contrário.

O formação Piri Weepu – considerado melhor jogador em campo – man of the match – se foi o melhor marcador de pontos – 7 pontapés de penalidade – da equipa, foi também o maior enterra dos movimentos da sua equipa: levou sempre horas a tirar a bola dos reagrupamentos e nunca utilizou formas surpreendentes de continuidade – horas para reiniciar sempre o mesmo. Facilitando a vida à defesa argentina que, mesmo tendo alguma responsabilidade no atraso da saída da bola, teve sempre a possibilidade de se reposicionar e conseguiu assim respirar mais tempo.

Sem Carter os All-Blacks são outra equipa e os adversários, sabendo disso, não precisam de organizar a defesa tão profundamente – o que lhes permite dobras mais prontas e mais eficazes.

A Argentina, embora com menor qualidade do que em 2007, mostrou de novo que a sua política exportadora – apenas dois jogadores pertencem a clubes argentinos – paga dividendos e mostra-se como um bom exemplo para quem pretender subir na cena internacional.

Surpreendente mesmo foi o facto de um grupo de jogadores formados dentro de uma cultura táctica individual e colectiva de elevados níveis – uma das suas bases está no ABC do Râguebi de C.K. Saxton que Pinto de Magalhães, “o engenheiro”, traduziu e que a família agora republicou e que deve ser lido por quem se interessa pelo jogo – não tenha sido capaz de fazer a separação dos níveis muito mais cedo. Dentro de oito dias, a meia-final com a Austrália não permitirá esta pouco eficaz utilização da bola.

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