Ao contrário das expectativas, a vitória dos All-Blacks sobre a Argentina não foi brilhante e viveu da lei dos mais fortes - cumprindo-se a lei 60/20 (ver aqui) e distanciando-se apenas no final do jogo. Mas se o jogo teve alguma coisa interessante, foi a resistência argentina.
A defesa argentina, ao não se deixar empenhar em demasia em cada movimento conseguiu sempre manter jogadores livres para intervirem em ajuda – e foram muito bons a cortar as linhas de passe, impedindo assim que o apoio neozelandês tirasse qualquer partido dos desequilibradores passes-em-carga (off-loads). Para evitar esta vantagem argentina seria preciso que às paragens das cargas neozelandesas correspondessem libertações muito rápidas da bola. Nada disso aconteceu, pelo contrário.
O formação Piri Weepu – considerado melhor jogador em campo – man of the match – se foi o melhor marcador de pontos – 7 pontapés de penalidade – da equipa, foi também o maior enterra dos movimentos da sua equipa: levou sempre horas a tirar a bola dos reagrupamentos e nunca utilizou formas surpreendentes de continuidade – horas para reiniciar sempre o mesmo. Facilitando a vida à defesa argentina que, mesmo tendo alguma responsabilidade no atraso da saída da bola, teve sempre a possibilidade de se reposicionar e conseguiu assim respirar mais tempo.
Sem Carter os All-Blacks são outra equipa e os adversários, sabendo disso, não precisam de organizar a defesa tão profundamente – o que lhes permite dobras mais prontas e mais eficazes.
A Argentina, embora com menor qualidade do que em 2007, mostrou de novo que a sua política exportadora – apenas dois jogadores pertencem a clubes argentinos – paga dividendos e mostra-se como um bom exemplo para quem pretender subir na cena internacional.