Os dados do jogo são irrefutáveis: a África do Sul perdeu o jogo – teve tudo para o ganhar. Teve o domínio territorial de 76% com 12’ 30” dentro dos 22 metros adversários; teve o domínio da posse da bola com 56% do tempo total – o que obrigou a Austrália a 147 placagens! A África do Sul conseguiu conquistar – o que é obra! - cinco dos oito alinhamentos australianos.
O mérito australiano esteve na pressão e desmultiplicação defensiva de jogadores conseguindo 9 turnovers, a maior parte em momentos decisivos…
… mas não se pode perder um jogo com tanto domínio, pensarão jogadores, treinadores e adeptos. O sonho do terceiro título mundial, perdeu-se; o sonho do próximo em 2015 começou.
O diabo está nos pormenores, diz-se. E foi nos pormenores que a ainda campeã mundial África do Sul se perdeu – um atraso mínimo no apoio, uma incapacidade de soltar a bola no milésimo antes de ir ao chão; um passe que se adianta na precipitação final do receptor, uma continuidade que se desperdiça. Mas o jogo que a África do Sul hoje mostrou foi bastante mais interessante do que o habitual: território sim mas com o objectivo de criar condições de concentração defensiva para explorar espaços. E o seu domínio reduziu a expressão australiana ao quase nada. Australianos que mostraram um ponto fraco desconhecido – a sua desagregação se sujeitos a níveis de pressão elevados. E a exploração deste factor vai ser ponto de partida dos próximos adversários.
Duas concepções de rugby – a organização e critério sul-africanos contra a australiana exploração dos espaços numa espécie de organização permanente do caos – estiveram frente-a-frente. O rugby ganhou e os espectadores também. Neste Mundial joga-se mais e melhor do que em 2007.
[apenas 10 penalidades nuns quartos-de-final de um mundial. Não é bonito?]