domingo, 3 de fevereiro de 2013

OPORTUNIDADE PERDIDA

Ainda não recuperei da derrota de Portugal contra a Roménia. A minutos do final do jogo, Portugal ganhava por 1 ponto e teve ainda oportunidades que, por erros tácticos, não soube aproveitar - de onde nasceu a ideia de uma saída pela esquerda numa formação ordenada em dificuldades quando, à distância de meia-dúzia de metros da área de ensaio, o ponto forte se encontrava do outro lado e na velocidade e capacidade de impacto de Adérito e Frederico Oliveira a que se poderiam juntar ainda Penha e Costa e Gonçalo Foro? Como se viu fazer no primeiro ensaio irlandês no Gales-Irlanda.

Não fomos brilhantes: dominados na formação ordenada durante grande parte do 1º tempo com repetições nos momentos cruciais da segunda parte, aleatórios na consistência dos alinhamentos, indisciplinados no cumprimento das Lei do Jogo, batidos na velocidade do apoio, demasiado expectantes do erro adversário e pouco criadores.
Desenho em  iPad a ponta de borracha
E pior: nunca variamos coisa suficiente para surpreender ou tornar desconfortável a organização adversária - fomos sempre previsíveis e continuamos um pecado que tende a ser propriedade própria: não atacámos a linha de vantagem, não jogamos na cara da defesa, impedindo-os de deslizar e multiplicar defensores. Ou seja, ao manobrar longe da linha defensiva permitimos a constante readaptação do adversário, desperdiçando os esforços da conquista e anulando desequilíbrios conseguidos.

No Inglaterra-Escócia, um ensaio resultou de um longo passe sobre as cabeças de jogadores, libertando o jogador do corredor lateral que marcou sem dificuldades; no jogo de Portugal, o mesmo tipo de passe para libertar o jogador do corredor lateral teve resultado contrário - quando a bola chegou ao último jogador da linha, também chegaram três defensores... Porquê a diferença das consequências? Porque o inglês, atacou a defesa e jogou na sua "cara", fixando os defensores e mantendo a realidade do espaço livre; ao contrário, o jogador português passou a bola a uma distância considerável dos defensores, permitindo-lhes assim deslizar e transformar em virtual o espaço livre que existiu.

Mas mesmo assim, poderíamos - deveríamos - ter ganho.

Nos jogos internacionais contam todos os pormenores por uma razão simples: as oportunidades não abundam e não podem ser desperdiçadas sob pena de aumentar as possibilidades de vitória dos adversários.

Perdemos uma importante oportunidade e é exigível que os intervenientes analisem os erros para, com o rigor que se exige aos membros de uma equipa internacional com pretensões - Portugal continua parte interessada no apuramento para o Mundial de 2015 -, evitar a sua repetição e possibilitar o crescimento adaptativo, a confiança e a disciplina que permitem vitórias.

Nota entre parentesis:
(a maior responsabilidade da derrota pertence sempre aos intervenientes e quase sempre em graus diversos do banco até à frente do combate. São raros os momentos em que a responsabilidade de derrotas ou vitórias pertencerão ao árbitro. Não foi também ontem o caso. Portugal perdeu porque não soube ganhar pelo que deixou escapar entre os dedos, mas não gostei nada do árbitro galês Neil Hennessy e da sua interpretação da Lei 15 sobre a placagem - nada o autoriza a dar vantagem ao portador da bola e desta interpretação resultaram diversas faltas contra Portugal, nomeadamente ao excelente Bardy que acabou com "amarelo" - e que na jogada final - longos 50 metros de contínua posse de bola romena - permitiu, por mais de uma vez, que jogadores romenos, já no chão sublinhe-se (Lei 15.6 (a)), cobrissem portador e bola e impedissem assim a eventual recuperação portuguesa. E disso resultou o ensaio vitorioso da Roménia.
Continuo na minha: o livro de Leis conta pouco, contando muito mais a interpretação própria do árbitro que se faz por áreas geográficas...e a globalização do mesmo jogo torna-se mais difícil)

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