domingo, 10 de fevereiro de 2013

VITÓRIAS PRECISAM-SE

Porque é que as equipas portuguesas de rugby entram nos jogos internacionais de forma desconcentrada e à espera que aconteça não se sabe bem o quê?

Este fim-de-semana, quer na Geórgia, quer em Las Vegas contra Fiji, as selecções nacionais de XV e VII entraram a "olhar para ontem" e sofreram de imediato ensaios. Depois, embora equilibrando o jogo e mostrando que poderiam jogar de igual para igual, correram sempre, com o avanço oferecido, atrás do resultado. Perdendo ambos os jogos e colocando-nos em posição difícil para os objectivos perseguidos, neste deixar fugir oportunidades por entre os dedos.

Nunca se pode ter a certeza porque os factores são diversos e a sua conjugação depende de diferentes aspectos, mas apetece dizer: se Portugal tivesse jogado contra a Roménia com a mesma atitude com que jogou em Tbilisi, teria vencido o jogo de Lisboa. Observação que leva a nova pergunta: porque é que ficamos sempre com a sensação que a atitude colectiva de combate dos jogadores quando jogam "fora" é superior à atitude que mostram em casa?

A pressão que os Lobos realizaram contra a Geórgia foi boa e muito mais eficaz do que a conseguida contra a Roménia - subiram mais e impediram, ao contrário do jogo anterior, que os adversários conquistassem a "linha de vantagem" e criassem o apoio com facilidade - conseguindo assim organizar a defesa para além da placagem. Também a decisão de disputar os alinhamentos de responsabilidade adversária foi eficaz e permitiu significativo roubo de bolas ... que assim fosse também nos nossos lançamentos. Mas o facto é este: continuamos sem plataformas - formações ordenadas e alinhamentos - que nos permitam bases sólidas de ataque. Principalmente as formações ordenadas não têm atingido o nível mínimo exigível para a prestação internacional, dando óbvias vantagens aos adversários quer na utilização da bola, quer no campo psicológico. As FO dependem de duas áreas: técnica e atitude. Sendo ambas colectivas, têm um número de regras e conceitos que devem ser assumidos por cada um e utilizados em conjunto - o "pack" de Portugal tem o peso necessário e a sua composição não fica a perder perante os adversários: porque é que recuamos?! E sem boas conquistas - simultaneidade de bola e terreno - não há bom ataque. E o jogo fica limitado à aparência de sermos parceiros.

Se a derrota contra a Roménia é explicada pelo treinador nacional por desconcentrações finais, o que se passou na Geórgia, deitando fora um ponto de bónus defensivo, leva a pensar que este aspecto, sendo mais do que uma casualidade, tem que ser trabalhado e controlado - a derrota com a Espanha no Sevens de Wellington sofreu do mesmo mal... Principalmente porque, como os resultados mostram, se trata de um Grupo equilibrado em que os jogos se ganham nos pormenores. E a qualificação dependerá deles.

O próximo jogo é em casa e contra a recém-promovida Bélgica. Pelos resultados, ambos em Bruxelas, conseguidos - derrota contra a Geórgia por uns reduzidos (13-17) e empate (21-21) com a Espanha - o jogo irá exigir um empenho absoluto por parte dos jogadores portugueses. Qualquer deslumbramento ou "olhar do cimo da burra" - como aconteceu no jogo contra o Uruguai nos Sevens dos USA que acabou por relativizar a excelente vitória sobre a Inglaterra - será desastroso pelos riscos que comportará. Porque é impensável outro resultado que não a vitória.

[à margem
Os árbitros franceses para o Geórgia-Portugal não chegaram ao jogo. Terão, devido ao mau tempo, ficado em Munique. Azar?! Nem por isso. Principalmente falta de respeito dos organizadores da competição pelas equipas envolvidas. Trata-se de uma competição - a segunda da Europa - que qualifica para o Mundial e que não pode ser tratada como um recreativo jogo particular - que não existe na tradição do Rugby uma vez que os jogos internacionais são oficiais e contam para o posicionamento no Ranking IRB e com as consequências - positivas ou negativas - que daí resultam. Os resultados e a credibilidade desta competição têm importância no acesso a patrocínios e não são assim irrelevantes. Fica portanto a pergunta: porque é que os árbitros se deslocam em cima da hora impedindo o recurso a alternativas que não sejam o recurso a "ir buscar árbitros à bancada"? (o caso, o regulamento determina que seja utilizado um dos árbitros-assistente nomeado e que é da "casa"). Porque é que não viajam mais cedo?]


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