domingo, 11 de novembro de 2018

DO PORTUGAL NA MESMA AO EDDIE JONES DEVASTADO E A UMA ALEMANHA SURPREENDENTE

O quinze de Portugal ao perder por 30 pontos de diferença fez o que se esperava. Os jogos colectivos têm destas exigências: por mais que cada um dê o melhor de si, dificilmente a equipa se mostra capaz. Porque é preciso que a equipa seja capaz de ser maior do que a soma das partes. Não basta portanto ter jogadores capazes - ou aparentemente capazes - para fazer uma boa equipa. É preciso que ela se mostre coesa, isto é que, em simultâneo, cada um saiba de todos e todos de um.
Segundo os investigadores da Gain Line, o sucesso num desporto colectivo assenta no nível atingido pela multiplicação da capacidade técnico-táctica dos jogadores pela coesão que a equipa demonstra nas suas acções. Coesão essa que assenta no claro conhecimento de uma determinada forma de jogar e no conhecimento profundo - possibilitando antecipações e decisões - entre os indivíduos que formam a equipa. O que significa que uma equipa que tenha mais jogadores habituados a jogar juntos por mais tempo tende a ser mais coesa e, portanto, mais capaz de atingir patamares de sucesso.
Jogadores de 8 clubes para formar os 23 e de 5 para o XV inicial
Como habitualmente e de acordo com a prática em Portugal, a selecção demonstrou enormes dificuldades em verticalizar antes de lateralizar. E assim é muito difícil marcar pontos. A equipa de Portugal é jovem e não tem hábitos comuns para jogos deste nível — o XV inicial tinha 98 internacionalizações somadas, sendo a mais alta para um mesmo jogador de 28. E apresentou um cinco-da-frente que ainda não atingiu a maturidade necessária, tendo apenas 11 internacionalizações somadas. Pensar que o resultado poderia ser diferente é de um optimismo desmesurado.

Agora resta uma exigência: preparar um programa capaz de garantir o acesso ao grupo de cima, deixando de nos contentarmos com vitórias contra equipas mais do que fracas. E aproveitar a oportunidade para desistirmos de acções que não têm sentido: se um jogador que representa um clube estrangeiro é chamado - supondo que não estivesse por cá a passar férias — não fica sentado no banco; como os números das camisolas representam um código para que quer espectadores, quer comentadores, quer jornalistas saibam qual a posição que ocupam os jogadores na equipa, convirá adoptar a norma internacional e não continuarmos com “inventonas portugas” — a regra é esta: o nº 16 pertence ao talonador suplente, o 17 e 18 aos pilares suplentes e o 23 a um jogador das linhas atrasadas e não a que a selecção usa e tem usado, colocando um pilar com o número 17 e outro com o número 23.
A RugbyVision não tem previsões para equipas fora dos 20 primeiros classificados
Ia sendo o dia memorável de Eddie Jones. E só não foi porque o vídeo-árbitro (é para isso que ele serve) detectou fora-de-jogo no posicionamento de Courtney Lawes. Fiquemos com o desportivismo de Jones: "Foi um jogo fantástico de rugby e estamos obviamente devastados. [...] aprendemos muito e tivemos oportunidades para ganhar mas não as aproveitámos. (Sobre o fora-de-jogo marcado a Courtney Lawes) Deixo isso à responsabilidade do vídeo-árbitro porque ele tem o benefício de muitas câmaras e ângulos."
Nos restantes jogos a demonstração da Itália sobre o direito de se manter nas 6 Nações ficou, para já, feita e o grande resultado do fim-de-semana ficou com a Alemanha que surpreendentemente e em Marselha derrotou Hong-Kong para a repescagem do Mundial. Também surpreendente foi o muito aceitável resultado do Brasil contra os Maoris em frente a mais de 30.000 espectadores. Embora derrotada, a Argentina conseguiu um bom resultado em Dublin onde os All-Blacks irão no próximo sábado em jogo a não perder e em que estará em disputa o 1º lugar do ranking mundial.

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