domingo, 29 de novembro de 2020

PORTUGAL NO 20º LUGAR DO RANKING


Portugal, apesar da menor qualidade do seu jogo, fez o que lhe competia, vencendo por diferença superior a 15 pontos [33 (5E,4T)-13(1E,1T,2P) e assim, com o direito ao correspondente factor-multiplicador, trocar de posição com a Russia  — como pode ser verificado a partir das 12.00 horas de 30 /11/2020 no site oficial da World Rugby —e colocar-se no 20º lugar da tabela do ranking da World Rugby. Um ganho!
A equipa portuguesa não melhorou, pelo contrário, o seu jogo em relação ao de sábado passado — os apoios foram menos frequentes com atrasos de chegada à zona eficaz e, muitas vezes, com falta de sintonia das linhas de corrida, restringindo-se assim a continuidade do movimento e dando mais hipóteses de recuperação à defesa brasileira. E muito por isso chegámos ao intervalo com o resultado de 7-6. Também o jogo ao pé não foi brilhante. 
Quer a França, cada vez mais e com 46 pontapés no último jogo, quer a Inglaterra, com 40 pontapés (os AllBlacks apenas chutaram 29 vezes) fazem do jogo-ao-pé a sua maior arma de conquista de território com o primeiro objectivo de jogar no meio-campo adversário. Portugal também parece ter aderido a essa estratégia mas, para que haja um verdadeiro tirar de partido dessa forma é necessário que o jogo-ao-pé tenha o objectivo de colocar problemas à defesa adversária e não seja apenas um chutar por chutar. Porque se assim não for, se não houver a capacidade técnico-táctica para retirar a equipa adversária da sua posição normal ou de conforto, o jogo transforma-se num mero ping-pong a ver quem falha primeiro... E o jogo-ao-pé português ainda está longe da eficácia táctica necessária, nomeadamente para poder explorar os corredores exteriores ao colocar dúvidas à tomada de decisão do trio de trás adversário.
Duas boas vitórias, claro. Mas, e devemos ter isso presente, contra uma equipa "muito média" que está longe de ter o nível dos nossos adversários directos no caminho do Mundial de França. 
Ganho dentro do campo, perdido cá fora é o mínimo que se pode dizer quando se percebeu que foi marcado um jogo, ainda por cima decisivo para o apuramento da fase final da Divisão de Honra, para a mesma hora do jogo da Selecção Nacional. Esta marcação, sejamos claros, corresponde a uma absoluta falta de respeito pela equipa nacional e para com a comunidade rugbística portuguesa. É óbvio que quando a Selecção Nacional joga não há outros jogos - em França, onde o campeonato não pára quando há jogos da selecção, os jogos deste sábado tiveram como último início as 18:45 locais para um França-Itália iniciado às 21:00 horas. E se a Académica, numa visão definida pela importância do seu interesse, esteve mal ao marcar o jogo para o mesmo horário — no sábado passado o jogo também em atrasado foi marcado para as 11:00 não colidindo com o jogo de Portugal — a Federação, mostrando-se distraída e ao não o impedir com recurso ao nº6 do Artigo 26º do Regulamento do Campeonato Nacional da Divisão de Honra que diz e transcrevo: "Nos fins‑de‑semana de actividade da Selecção Nacional de XV, não deverão realizar-se jogos do CNDH, salvo motivo de manifesta nem nessidade, o qual será determinado unicamente pela Direção da FPR.", não esteve melhor. Sobra a imagem de que nada disto tem importância, que jogos da selecção são uma espécie de entretenimento da malta ou que a modalidade se subordina aos interesses de cada um. E a tendência, se finalmente não se quiser compreender que a organização desportiva de rendimento vive da capacidade de articular colaboração e competição, será a de piorar o estado de coisas. E então não há sonhos que resistam.


 

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