A vitória, depois de copiosa derrota na semana passada, da Austrália sobre a Nova Zelândia (24-22) ficou, acima de tudo, marcada pela boa utilização, pelo árbitro, o australiano Nic Barry ,do protocolo (ver ponto 2 da figura acima) imposto pela World Rugby sobre as placagens altas e os contactos de ombro com o pescoço ou cabeça. Não há qualquer margem para dúvidas sobre a perigosidade da acção dos dois jogadores — um neozelandês e outro australiano — que foram expulsos: a cabeçada foi violenta e atingiu a cabeça do adversário. E o jogador australiano, Rob Simmons, já foi castigado em 4 semanas o que significa — porque a contagem não é, ao contrário do que erradamente se faz por cá, directa — que estará de castigo até 6 de Fevereiro de 2021...
E apesar de antigos jogadores internacionais, australianos e neozelandeses, se manifestarem contra os “cartões vermelhos” que estragam, dizem, o jogo ao reduzir o número total de jogadores em campo, não terão quaisquer razões para tal uma vez que o defeito é dos jogadores defensores que entram demasiado alto e que têm que aprender a defender mais baixo. Ou seja: o defeito não é do protocolo criado que está bem feito, mas sim do facto de alguns jogadores não se conseguirem adaptar às exigências.
A defesa da saúde dos jogadores tem que estar em primeiro lugar, seja por razões da pandemia, seja por razões de expressão de violência e as placagens que atingem a cabeça dos adversários são muito perigosas — basta relembrar os maus resultados existentes no futebol americano cujos jogadores, mesmo com uso de capacetes, têm mostrados, passados anos, graves problemas. E este protocolo constitui um aviso para jogadores e treinadores que têm que encarar a colisão e a placagem de uma outra forma. O jogo tem que continuar a ser de combate mas com a segurança necessária para poder continuar a ser jogado.
O jogo em si foi bom de ver e os australianos, com a troca do jovem abertura Noah Lolesio pelo muito mais experiente Reece Hodge, mostraram-se uma equipa muito mais capaz, utilizando uma defesa muito agressiva — tão agressiva que, muitas vezes e pese o pouco rigor aqui demonstrado pelo árbitro, se deslocaram em fora-de-jogo cortando espaço e tempo e obrigando os allblacks a jogar longe da linha de vantagem (esta questão do fora-de-jogo constitui um problema nos jogos de rugby que se mostra demasiado constante e a que muitos árbitros se mostram alheios e que impede o desenvolvimento da continuidade do jogo, levando a demasiadas paragens de jogo no chão e diminuindo a sua espectacularidade.
Por seu lado os neozelandeses, que cometeram erros que não lhes são habituais — para além de não terem utilizado aquele que é, mesmo com o notável jovem francês Dupond, muito provavelmente o melhor formação do mundo, Aaron Smith —tiveram nos irmãos Barret a pior demonstração dos seus últimos jogos - o mais velho, Beauden, teve um jogo ao pé de grande ineficácia entregando, por sistema, a bola; Scott numa desconcentração imperdoável, apanhou um cartão amarelo e colocou a sua equipa a jogar em inferioridade numérica; o mais jovem, Jordie, esteve longe do seu habitual, mal no ar e mal na escolha das linhas de corrida. Mas no fundo, no fundo o que tornou o jogo allblack mais ineficaz foi a velocidade da entrega da bola nas transformações de jogo agrupado para o jogo ao largo. E essa falta de velocidade deu aos australianos o espaço e tempo de que precisavam.