domingo, 1 de novembro de 2020

BLEDISLOE PARA NEOZELANDESES E 6 NAÇÕES PARA INGLESES


 Os AllBlacks venceram a Bledisloe Cup, agora já inserida no Tri-Nations, com mais uma convincente e muito agradável exibição. Marcando 6 ensaios para além dos que não foram considerados pela arbitragem - muito duvidosa a decisão do árbitro, o neozelandês Ben O'Keeffe, e do vídeo-árbitro, o australiano Angus Gardner, sobre o ensaio do talonador allblack Dane Coles — demonstraram, mais uma vez, que o objectivo do jogo que defendem é a marcação de ensaios. A sua notável capacidade de garantir vantagem no jogo no chão bem como a capacidade de jogar "em cima" da linha-de-vantagem fazem desta equipa um portento espectacular de eficácia, baseando toda a sua forma de jogar e para além da técnica - todos "tratam a bola por tu" — numa notável cultura táctica individual que permite a melhor leitura para a mais eficaz organização colectiva. E assim não têm qualquer problema de garantir o apoio - alternando entre o losango e o W para garantir a continuidade do jogo — e, se parados, realizando a "limpeza da vitrina" em tempo útil para conseguir uma bola suficientemente rápida para que a defesa adversária não tenha tempo de reorganização. No fundo uma clara demonstração da superioridade do seu processo de formação — vale a pena ver, estudar, perceber e aplicar os métodos utilizados no país da grande nuvem branca. Provam melhor do que os outros! Copie-se!

Do outro lado do campo os australianos mostraram-se uma equipa sem qualquer norte - colocar a nº10, num jogo desta exigência, um jovem inexperiente de 20 anos, Noah Lolesio, não parece a melhor das soluções. Apesar de tudo esta dura e expressiva derrota pode ter uma vantagem: que as camisolas terrivelmente kitsch que equiparam os jogadores australianosnão sejam, pela imagem desportiva que passaram a representar, mais utilizadas. São feias!

O Torneio das 6 Nações, que deveria ter terminado em Março, teve ontem a sua última jornada com  a Inglaterra vencedora e que teve - depois da anulação do seu jogo com os Barbarians devido ao péssimo comportamento social dos jogadores convidados - a sorte do sorteio lhe destinar a pior das equipas para este último jogo. E assim a falta de entrosamento e coesão colectiva acabou por não dar nas vistas. E o resultado acabou como se previra, com 29 pontos de diferença, permitindo a vitória final no desempate com a Irlanda pela diferença de pontos marcados e sofridos.
Dos outros dois candidatos à vitória, França e Irlanda, fica o jogo - para além dos irlandeses terem no seu defesa, Jacob Stockdale e apesar da marcação do último ensaio, o responsável pela perda de bolas em todos os pontos críticos em que foi chamado a intervir - marcado pela polémica decisão do árbitro, o inglês Wayne Barnes e vídeo-árbitro ao não considerarem ensaio-de-penalidade para a Irlanda sobre uma propositada infracção do defesa francês Anthony Bouthier quando eram decorridos 10' de jogo. A incoerência da decisão foi notória quando, aos 30' de jogo, a mesma dupla decidiu - bem! - a marcação de ensaio-de-penalidade favorável aos franceses. Da diferença destes dois critérios queixam-se os irlandeses - que e como curiosidade, se devem ter lembrado de um mesmo jogo contra a França, apesar de ser em futebol, a contar para o play-off de acesso ao Mundial de 2009 em que um golo nitidamente ilegal os afastou da prova... 
Enfim, um erro que, não existindo, poderia dar outro rumo ás coisas. O que significa que, apesar de se mostrar como grande ajuda para a verdade desportiva, o vídeo-árbitro não é isento de erros. Como se viu, pelo menos por duas vezes, neste sábado de jogos internacionais. Mas, também pela polémica que se passa neste momento em Portugal sobre o tema, convém dizer que o protocolo rugbístico é muito mais eficaz do que o existente para o futebol que, mostrando-se demasiado senhor do seu nariz, ignorou a experiência de outras modalidades e criou um código que, ao que parece, trás mais problemas que vantagens.
Em Llanelli, Gales, perdendo - contra todas as expectativas - contra a Escócia, mostrou que a volumosa derrota (5-2 em ensaios) de há oito dias com a França não terá sido uma casualidade mas que corresponde ao estado actual das suas capacidades. Provavelmente como resultado das dificuldades que o país, que não é propriamente rico, tem enfrentado face à pandemia, colocando clubes e jogadores em difíceis situações de prática e preparação. Esperemos melhores dias... 

Tabela final do 6 Nações

Se do outro lado do mundo continua o Tri-Nations com novo Austrália-Nova Zelândia já no próximo fim‑de‑semana, na Europa teremos que aguardar mais quinze dias para o início do Autumn Nations Cup que, para além dos habituais das 6 Nações, contará ainda com a presença da Geórgia e Fiji. Apesar da crise pandémica, rugby - ao nível profissional uma vez que as competições amadoras estão tendencialmente a ser adiadas - não vai faltar.

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