segunda-feira, 16 de novembro de 2020

ARGENTINA CONSEGUE O SEU MELHOR RESULTADO DE SEMPRE

As vitórias conseguem-se com muito treino e determinação. E nesta situação pandémica com a resiliência de uma vontade indomável.

A Argentina conseguiu, com esta vitória de 25-15 sobre os AllBlacks, o seu melhor resultado rugbístico de sempre. É um resultado histórico e para compreender o seu nível basta lembrar, para além da previsão que considerava uma normal vitória neozelandesa por 30 pontos de diferença para a realidade argentina que conseguiu transpor essa diferença por 40 pontos em seu favor — um notável resultado. Que ficará na memória de quem o jogou ou viu. E, de facto, na história da modalidade: a Argentina passou a integrar, na companhia da Austrália (45x), da África dos Sul (36x), da França (12x), da Inglaterra (8x), de Gales (3x) e da Irlanda (2x), o Clube dos 7, contados desde 1903, que alguma vez derrotaram a Nova Zelândia

Demonstrando uma notável capacidade de manter a dinâmica da sua organização quando não tinha a posse da bola, conseguiu assim criar uma teia da qual os jogadores neozelandeses não conseguiram libertar-se apesar de terem marcado 2 ensaios contra apenas um argentino. O excesso de faltas cometidas (13), pouco usual nesta equipa, fez a diferença no resultado com a conversão de 6 penalidades pelo abertura Nicolas Sanchez que, aliás e num seu dia memorável, marcou todos os pontos argentinos. Por outro lado e para além da evidente indisciplina de alguns dos allblacks, pareceu sempre que havia um enorme desfasamento na interpretação das Leis de Jogo entre os jogadores neozelandeses e o árbitro, o australiano Angus Gardener. Porque foram faltas a mais numa equipa que tem no padrão disciplina uma constante. O actual responsável, Ian Foster, que viu a sua nomeação contestada por muitos sectores, nomeadamente por internacionais e pelo antigo campeão mundial, Graham Henry, que disso deu pública nota, tem, após estas duas derrotas consecutivas — a última sequência, derrota com a África do Sul e depois com a Austrália, deu-se em Agosto de 2011 — a porta da oportunidade cada vez mais reduzida. O próximo jogo, daqui a 15 dias e de novo contra a Argentina, abrirá perspectivas. 

A notável capacidade defensiva demonstrada e, acima de tudo e como mostra o vídeo, a vontade e determinação individual e colectiva para garantir a qualidade do treino, são os factores que garantiram a vitória. Extraordinário!

Os restantes resultados foram os previsíveis com Gales a continuar a mostrar-se longe das capacidades que demonstrou na época anterior, a final de Warren Gatland e Shaun Williams. O actual responsável e também neozelandês Wayne Pivac considera que se trata do resultado da necessária transição de um processo com dez anos para um novo processo que, avisa, será para continuar a desenvolver. E tanto quando nos é dado perceber e embora já tenha rescindido do treinador da defesa Byron Hayward, teremos que esperar até ao próximo 6 Nações para ver a transformação — mas os seus conceitos resultaram muito bem com os Scarlets. Estarão as dificuldades de todo o género que a pandemia trouxe a um país que está muito longe de ser rico, a impedir os jogadores galeses de actuarem ao nível que é o seu?

A Itália fez o que pode contra a Escócia. A Geórgia mostrou, com a diferença sofrida de 40 pontos, que ainda está longe, para além da proximidade, demonstrada até na melhor posição que ocupa no ranking da World Rugby, à Itália do núcleo tradicional das 6 Nações. 
A surpresa (será?!) está na anulação do jogo França-Fiji por haver um elevado número de fijianos infectados - aqui lembra-se a vantagem sanitária que foi a também anulação do jogo com Portugal.
A propósito do facto de estarem já, por essa Europa fora, diversos atletas infectados e na maior parte dos casos, como Ronaldo, sem quaisquer sintomas, comecei a pensar se o facto de se tratarem de atletas com capacidades físicas superiores às dos cidadãos normais não lhes dará isso uma resistência superior aos efeitos do vírus — quando se fala de que o Desporto dá saúde só pode ser desta capacidade de que se fala, resistir melhor às doenças. E se assim for, a exigência de constantes teste é decisiva para garantir a qualidade sanitária do grupo, colocando o factor risco em limites aceitáveis — de outra forma, havendo  alguém assintomático no interior do grupo, o vírus propagar-se-á invisivelmente... podendo atacar um grande número. Neste caso a articulação dos testes com a vivência integrada em bolhas será fundamental — e deve louvar-se a a decisão da Rugby Europe que justificou a anulação do Portugal-Espanha por se tratarem de jogadores amadores que, tendo as suas obrigações estudantis ou profissionais, elevam o risco do contacto. E, como sempre, a saúde dos jogadores e acompanhantes técnicos, está em primeiro lugar. 

[A organização do Taça do Outono das Nações, de acordo com os regulamentos do torneio, considerou Fiji — com 4 jogadores infectados — responsável pela anulação do jogo com a França e assim decidiu atribuir-lhes uma derrota por 28-0, considerando 4 ensaios e 4 transformações e, portanto, juntando 1 ponto de bónus aos 4 pontos da vitória o que posiciona a França no 1º lugar do Grupo B]. 

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