sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

MAIS PREOCUPADO COM A GUERRA

 Num momento de guerra como esta que resulta da invasão criminosa de Putin à Ucrania, não tenho nenhuma especial vontade de escrever sobre Rugby. Mas, como se usa dizer, a vida continua e é preciso dar-lhe espaço. Sempre com atenção ao teatro de guerra e às suas implicações um milhar de soldados portugueses pode, a curto prazo, entrar em combate — falermos então de Rugby.

Neste fim-de-semana, Portugal tem, como se usa dizer,  um mero jogo de cumprimento de calendário. O adversário Países Baixos só tem derrotas no seu palmarés do Rugby Europe Championship e não representa qualquer perigo competitivo para os Lobos. Mas representa o desafio de garantir que Portugal consegue a vitória com ponto de bónus, somando vitais 5 pontos para a Classificação Geral.


Dada a situação, gostaria de ver, no jogo deste sábado nas Caldas da Rainha, Portugal — e porque não também o XV dos Países Baixos — entrar em campo com a bandeira da Ucrânia numa clara demonstração de solidariedade que a Rugby Europe defende e que o Governo português também pratica. Porque o Desporto não é neutro e não pode passar por cima de agressões bárbaras desta natureza.
À equipa portuguesa pede-se o aproveitamento deste jogo para demonstrar a capacidade de já ter ultrapassado erros tácticos e estatégicos que determinaram as derrotas em jogos deixados escapar por entre os dedos. O que significa que o nosso apuramento tem agora uma necessidade de 3 vitórias nos três últimos jogos mas com o senão de continuarmos a depender dos resultados de terceiros e partindo do princípio que a Geórgia não cederá e não entregará quaisquer pontos de classificação aos nossos adversários directos. 
Neste fim-de-semana um jogo fundamental entre a Espanha e a Roménia — agradecemos um empate que o prognóstico do algoritmo do XVcontraXV, com uma vantagem de 2 pontos de jogo para os espanhóis, admite perfeitamente — ditará algo do nosso futuro.
O outro jogo, Geórgia-Russia, foi adiado, dadas as actuais circunstâncias, sine die pela Rugby Europe com a cobertura da Rugby World. No entanto estas duas instituições de comando rugbístico europeu e mundial, limitaram-se a definir a suspensão das actividades em solo russo. O que é um erro enorme — que sentido faz a manutenção do jogo feminino entre a Espanha e Rússia? (gostaria de ver as jogadoras espanholas recorrerem ao velho “sit in” e não se disponibilizarem para jogar). E porque é que é um erro esta limitada posição? Porque as sanções aplicáveis ao despropositado e criminoso agressor devem ser totais e o Desporto deve fazer parte delas. Dir-se-á: mas as jogadoras russas não devem ter qualquer culpa na situação criada que é da exclusiva responsabilidade de Putin e do seu bando de oligarcas. Certo, mas uma das armas de combate à situação é a de colocar pressão popular sobre Putin que o leve a desistir ou a perder o poder — e as jogadoras russas, magoadas por não poderem jogar, podem engrossar o crescente movimento de contestação interno.
Assim a Rússia deveria ser suspensa de todas as competições desportivas, disputadas seja onde forem, até que a paz seja oficialmente reconhecida. O que pode até e por razões de calendário, suspender as prestações russas nomeadamente na Championship que apura para o Mundial de 2023 — com um de dois resultados: anulação dos jogos realizados pela Rússia com descida de divisões (aí Portugal seria beneficiado mas — seja como fôr — seria a posição mais correcta) ou derrota da Rússia (28-0) nos jogos que seguem (vantagem para Portugal mas, repete-se, na menos correcta das decisões)
Bandeira da Ucrânia

Na esperança que este fim-de-semana não se traduza numa brutal escalada da perspectiva expansionista de Putin, espero também ver, transportada pelos jogadores portugueses, a bandeira da Ucrânia no relvado das Caldas da Rainha.

 

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