sábado, 5 de fevereiro de 2022

SEREMOS CAPAZES?

Os Lobos jogam, neste domingo 6 de Fevereiro, a 1ª jornada da 2ª volta — designada por RE Championship 2022 — da fase de apuramento para o Mundial de 2023, contra a Geórgia em Tbilitsi. Quando entrarem em campo e depois das vitórias da Roménia sobre a Rússia (34-25) e da Espanha sobre os Países Baixos (43-0 com ponto de bónus), Portugal encontrar-se-á no 4º lugar e só uma vitória nos colocará de novo colados à Roménia no segundo lugar.
Esta tabela mostra uma quase absoluta certeza — a Geórgia será apurada directamente para o Mundial — e duas outras certezas: a Holanda não tem qualquer hipótese de apuramento e o 2º lugar que também apura directamente será disputado por 3 equipas, Roménia, Espanha e Portugal.
Uma vitória portuguesa na Geórgia seria ouro sobre azul, mas será possível? Possível é e não seria a primeira vez — em 2004, os Lobos venceram em Tbilisi por 19-14 — mas nova vitória, se atendermos à relação de resultados mostrados no quadro seguinte, será muito difícil.

Se o histórico entre as duas equipas não nos é nada favorável — bem pelo contrário — no quadro que segue podemos ver que o histórico comparado com outras equipas da cena mundial também não nos é favorável e os oito lugares que nos separam no ranking traduzem-se numa diferença de 7,88 que determina, pelo algoritmo utilizado, uma diferença desfavorável de 22 pontos no resultado final. 

O quadro não parece optimista mas há aspectos que permitem pensar que existem algumas hipóteses de um final vitorioso dos Lobos.
O primeiro aspecto diz respeito à experiência: os jogadores têm já internacionalizações suficientes para saberem com o que podem contar e como o podem enfrentar e contornar. Ou seja, nada indica que os jogadores tenham dificuldades em utilizar as suas melhores capacidades. E lembre-se que na época passada a selecção nacional teve uma média de ensaios marcados por jogo de 4,4 embora com o senão de ter sofrido uma média de 3,9 ensaios por jogo. Mas a defesa estará melhor… e a capacidade ofensiva, num jogo sem a responsabilidade da vitória que outros implicam, pode impôr a pressão psicolocógica que abra as portas de uma vitória.
O problema dos portugueses nos confrontos com os georgianos, diz-se, está na relação negativa da sua morfologia física — são maiores e mais pesados do que os nossos. São mais fortes, pronto.
Mas como se vê no quadro seguinte do Índice de Compacticidade, as duas equipas igualizam-se nessa matéria. Será mais forte aquele que jogar melhor e que melhor use as oportunidades que o jogo dá.

Então, porque não? Porque não podemos ganhar?
Mas para que isso possa acontecer, é necessário corrigir alguns factores negativos anteriormente mostrados. O primeiro dos quais diz respeito à indisciplina — na 1ª volta Portugal fez 68 penalidades numa média de 13,6 penalidades por jogo — é que não lembra ao diabo dar pontos e terreno assim de borla ao adversário… Portanto, primeiro passo: disciplina e nada de penalidades — tão pouco agir com negligência de forma a permitir “cartões”.
O outro aspecto — e que vimos a Irlanda, contra os All Blacks e agora contra Gales fazer a demonstração de uma outra eficácia que se adequa ao perfil dos nossos jogadores e como tal copiável— é garantir que a procura de intervalos se faz pelo passe e não pelo transporte. Ou seja: os avançados têm que acabar com a permanente colisão adivinhável por um estádio inteiro seguida de ida ao chão para ver a defesa adversária reorganizar-se e cortar espaços aos nossos três-quartos. O ataque aos intervalos tem que ser feito através dos passes num jogo de movimento com adequadas e assertivas linhas de corrida e em que a a ida ao chão — se não fôr possível manter a “bola viva” — só é possível depois da ultrapassagem nítida da Linha de Vantagem, criando problemas de organização defensiva que se verá obrigada a correr para trás. E, no caso da ida ao chão deverá haver a garantia de rápida libertação da bola — nunca ultrapassando os dois segundos — para que haja possibilidade de exploração dos desequilíbrios conseguidos. Jogando por um aldo ou pelo outro, numa troca de interior e exterior permanente.
Outro aspecto que tem que correr bem, diz respeito ao jogo-ao-pé que deve ser tacticamente incisivo. Ou seja, não jogar ao pé como arma de alívio mas como ferramente atacante na procura de espaços vazios que permitam algumas possibilidades de recuperação da bola. E a variação do seu comprimento e da sua direcção são factores essenciais para que o jogo-ao-pé seja uma arma temida pelo adversário. Chutos para caixas sempre cobertas ou para diagonais tapadas são forma de mera entrega grátis da posse de bola. Isto é, formas de deitar fora a própria posse.
Veremos como correrá…mas o recurso ao jogo de movimento pela totalidade da equipa e não só pelas suas linhas-atrasadas, é essencial para abrir o caminho que pretendemos de estar no Mundial de 2023.
No fundo e dito de uma vez só: a equipa só encontrará um caminho de vitória se jogar una no conceito de movimento — com apoio, linhas de corrida adequadas e continuidade com focagem na ultrapassagem da Linha de Vantagem — e não dividida numa parte de movimento e outra de colisão e pretensa fixação a dar tempo à organização defensiva. Ou seja, a questão da vitória dependerá da estratégia que determine as tácticas.

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