sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

DOIS JOGOS DE MUITO INTERESSE

Nesta 3ª jornada do 6Nações um jogo de vencedor previsível — Itália-Irlanda — e dois jogos que, por razões diferentes, merecem as atenções competitivas. 

Gales esteve quase a não apresentar — numa situação que nunca existiu — equipa para o seu jogo contra a Inglaterra: Razões? Falta de contratos capazes a colocarem os jogadores em situação de grande dúvida sobre o seu futuro. E os maus resultados anteriores justificam-se por estas dificuldades e os adeptos galeses contam que agora, depois do acordo obtido, os jogadores possam, focados no jogo como agora poderão estar, criar um colectivo capaz de se opôr eficazmente aos ingleses. E se as previsões dão a vitória  à Inglaterra o facto do jogo ser em Cardiff pode, dadas as circunstâncias, repito, colocar de novo Gales no lugar que costuma ser o seu.

Em Paris, espera-se um grande jogo entre uns franceses que se vêem com possibilidades de serem os próximos campeões do mundo — de facto, sendo o Mundial em França, é uma óptima oportunidade — e os escoceses que se têm mostrado como uma equipa muito capaz e com grande vontade colectiva — o que, na mistura de ambos os factores, constrói poder. E a Escócia tem mostrado poder suficiente para poder sair de Paris com uma vitória. E o jogo-ao-pé para conquista de território e como garante de jogar próximo da área vermelha — área-de-22 — adversária será uma componente-chave do resultado final.

Do ponto de vista táctico e a poucos meses do Mundial o maior interesse nestes jogos centra-se no tempo de reutilização da bola nos momentos de quebra (breakdowns). A Irlanda tem a impressionante média — idêntica à que já tiveram os AllBlacks — de 2,9 segundos por bola recuperada. Esta velocidade permite, por um lado, diminuir as possibilidades de organização da defesa adversária e permitir uma melhor e mais rápida organização atacante próxima que tornará mais eficazes as perfurações de linha, vencendo a linha-de-vantagem e garantindo vantagem ao mesmo tempo que liberta as áreas laterais do terreno que serão utilizadas posteriormente.

Por outro lado, vale a pena ver o recurso dos italianos ao “I” — que sempre gostei mais de designar por “T” — que estão a procurar utilizar para explorar as capacidades do seu três-de-trás.

Por outro lado ainda, veja-se de novo — desta vez no França-Escócia — a forma de arbitrar do georgiano Nika Amashukheli — arbitrou (e bem) o Portugal-Roménia — que se limita a falar para definir que se estabeleceu um maul ou uma placagem e isto porque se o não fizer muitos jogadores não se aperceberão da situação — nunca intervindo sobre situações em que a sua voz vai favorecer uma das equipas. É bom lembrar que existem duas formas de conquistar a bola: as directas e as, por via das faltas do adversário, indirectas. Esta últimas permitem, para além da posse da bola, a conquista de três/quatro dezenas de metros de terreno… o que não, de forma alguma, é desprezável. E aos árbitros não cabe garantir que os jogos tenham poucas faltas — esse aspecto é da competência dos jogadores. Aos árbitros compete garantir que o jogo é, equitativamente, jogado dentro das Leis do Jogo estabelecidas.

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