quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

UMA BOA VITÓRIA A QUE FALTA COESÃO COLECTIVA

Pronto! está decidido: o jogo das meias-finais é cá!
Com a excelente arbitragem do georgiano Nika Amashukheli — que irá arbitrar o França-Escócia do 6 Nações os Lobos, nesta 3ª jornada do Rugby Europe Championship 2023, vencendo a Roménia por 38-20 — numa diferença superior a 15 pontos — para além de garantir a disputa da meia-final contra a Espanha em “casa”, atingiram de novo o seu melhor posicionamento no ranking mundial — 16º lugar como aconteceu em 30 de Maio de 2005 — mas agora, com 66,94 pontos, conseguindo o valor de pontuação mais alto de sempre. Foi de facto um bom resultado!

Nesta última jornada definiu-se o esperado: classificaram-se para as meias-finais as quatro equipas classificadas nos 20 primeiros lugares do ranking. Ou melhor: aconteceu o que já se sabia que iria acontecer como se pode retirar do quadro de ensaios sofridos que se mostra e onde se verifica que os Países Baixos — que já disputavam anteriormente a REC 2022 — são, das restantes 4 equipas, a única que se mostra com alguma proximidade competitiva. As restantes três, não pertencem, pelo menos por enquanto, a este mundo. Ou seja: o resultado final desta competição demonstra que, de um ponto de vista competitivo, o seu interesse é nulo: existem apenas, nesta fase de grupos, dois jogos que, mesmo se apresentam favoritos quase óbvios, pode dizer-se que não têm vencedores antecipados. E a base do interesse de uma competição desportiva existe aí, na dúvida dos vencedores (note-se o que se passa no 6 Nações…). Esta organização serve interesses e não a competição desportiva — porque não serve como espectáculo nem como — como deveria acontecer em ano de Mundial — preparação competitiva para mais altos voos.

É um facto que o resultado do XV de Portugal foi bom. Mas não embandeiremos em arco porque o jogo não foi brilhante embora a equipa portuguesa tivesse mostrado qualidades na prestação de Pedro Bettencourt com 2 ensaios — finalmente foi chamado! — ou de Lionel Campergue que realizou uma excelente exibição. E mostrou-as também no momento de Lima para entregar o ensaio a Lucas que representou um momento que se espera ver muitas vezes repetido naquilo que é o rugby-de-movimento que deve caracterizar a selecção portuguesa. A isto pode ainda juntar-se a surpresa de um número pouco usual por muito diminuto — 4 — de penalidades cometidas.

No entanto é bom reparar que este número diminuto de penalidades sofridas também se deve — e muito — à falta de pressão romena que foi muito leve. Veja-se as estatísticas da Rugby Europa.

A Roménia teve uma superioridade de posse da bola em 12%, concedeu menos 4 turnovers, fez menos 56 placagens para as mesmas 19 falhadas e ganhou mais 53 rucks para um equilíbrio das fases estáticas. E com estas vantagens, mostrando-se incapaz de as explorar, os romenos apenas conseguiram dois ensaios, sofrendo cinco. Um, o segundo, em força e outro, o primeiro aos 2 minutos, como resultado da falta de coesão da equipa portuguesa que se viu muito atrapalhada para se organizar colectivamente perante um movimento elementar romeno. Aliás, e provavelmente daí — e do jogo-ao-pé que continua tacticamente errático — a incapacidade de garantir o domínio que as forças em presença lhe possibilitariam. Mas de novo a terceira-linha — que não é uma unidade onde os três elementos, apesar dos jogos conjuntamente realizados, se entendam nos movimentos a fazer e nas decisões a tomar — não contribuiu quer para a pressão ou cobertura defensivas quer para o apoio ou engodo atacantes. O que, não permite o desenvolvimento das capacidades tácticas do colectivo…

Boa vitória mas que exije — para que as prestações desportivas seguintes sejam de boa qualidade — um reconhecimento das alterações a fazer e do alinhamento necessário entre as diversas unidades da equipa. Porque julgar que este jogo contra esta Roménia mostra um estádio superior qualitativo constitui o primeiro passo para desagradáveis surpresas.




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