No Rugby Europe Championship se ignorarmos o fraco resultado da Espanha percebemos o desequilíbrio desta competição que, principalmente em ano de Mundial, nunca deveria ser realizada assim. Mas os interesses, mascarados em desenvolvimento dos mais fracos, falam mais alto e cada uma das equipas apurada para o Mundial é obrigada a fazer dois jogos que nem de treino servem.
No 6 Nações a conversa é totalmente outra com vitórias de todos os visitantes. E em dois dos jogos a incógnita dos vencedores manteve-se até ao final numa demonstração de verdadeiro equilíbrio competitivo — equilíbrio esse que é o factor determinante de uma competição desportiva.
A Escócia, ganhando em Twickenham, mantendo a posse da Calcuta Cup e subindo dois lugares e ultrapassando a Inglaterra no ranking, conseguiu o melhor (e mais surpreendente) resultado da jornada num jogo com 7 ensaios que vale a pena ver. E a Itália que mostrou uma outra capacidade — radicalmente diferente (17 alterações em 23 jogadores) da que vimos no Restelo contra Portugal — e quase surpreendeu a França, vencedora da época passada e dita principal candidata a vencer o Torneio e até o Mundial e que teve neste jogo a maior das sortes porque, com susto apanhado, terão percebido — a tempo ainda de realizar as modificações necessárias e decidir o tempo e a articulação entre as inovações tácticas da dépossession e répossession bem como eliminar a indisciplina impôr que atingiu o nível assustador de 18 penalidades (10 no seu meio-campo) 1 amarelo e 1 ensaio-de-penalidade contra apenas 7 do seu adversário— que estarão ainda longe de serem verdadeiros candidatos quer ao Torneio quer ao Mundial.
Quanto a Gales, com o seu rugby a diminuir na qualidade do jogo, restará ainda a esperança que mais tempo com Gatland possa transformar a equipa até ao Mundial… E a Irlanda, que se preparou em Portugal, no Algarve, mostrou porque é a equipa que ocupa o 1º lugar do ranking mundial, fazendo notar as qualidades necessárias para produzir um rugby atractivo e muito eficaz mostrando-se — quer na defesa quer em ataque — no bom caminho para fazer de 2023 um ano importante da sua história
No próximo fim‑de‑semana, com a recepção da França no Aviva Stadium, ficar-se-á com melhor ideia do verdadeiro potencial das duas equipas. E também do real valor da Escócia que recebe Gales. E o Torneio a mostrar-se, pelas expectativas criadas, como uma verdadeira montra internacional, ultrapassando cada jogo o limite dos seus adeptos directos. Uma festa para quem gosta da modalidade.