segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

DUAS COMPETIÇÕES DIFERENTES: UMA DA TRETA E OUTRA DE ALTA QUALIDADE

No Rugby Europe Championship se ignorarmos o fraco resultado da Espanha percebemos o desequilíbrio desta competição que, principalmente em ano de Mundial, nunca deveria ser realizada assim. Mas os interesses, mascarados em desenvolvimento dos mais fracos, falam mais alto e cada uma das equipas apurada para o Mundial é obrigada a fazer dois jogos que nem de treino servem.


O XV de Portugal defrontou uma medíocre Bélgica que não tem capacidades para ser adversário à altura. Num jogo cheio de facilidades — os belgas não atacam nem defendem capazmente — os portuguess mostraram as incapacidades habituais e que se lhes conhecem: falta de coesão colectiva, jogando cada um para o seu lado, sem a consistência que permite garantir a eficácia da continuidade do movimento, com constantes passagens pelo chão por falta de apoio atempado e com, como habitualmente, um jogo-ao-pé que não tem qualquer incidência na criação de dificuldades ao adversário. Enfim um jogo desinteressante mas que terá de servir como alerta para uma alteração de processos de treino e escolha de jogadores para que a nossa presença no Mundial possa ter o mínimo da qualidade necessária.

Com jogos entre equipas de tal diferença e em que a intensidade é de muito baixo nível e onde as vitórias, por mais dilatadas que sejam, não conquistam pontos de ranking. Nesta demonstração de desinteresse competitivo deste mero cumprimento de calendário, ganharam todos os visitados e pronto.


No 6 Nações a conversa é totalmente outra com vitórias de todos os visitantes. E em dois dos jogos a incógnita dos vencedores manteve-se até ao final numa demonstração de verdadeiro equilíbrio competitivo — equilíbrio esse que é o factor determinante de uma competição desportiva. 

A Escócia, ganhando em Twickenham, mantendo a posse da Calcuta Cup e subindo dois lugares e ultrapassando a Inglaterra no ranking, conseguiu o melhor (e mais surpreendente) resultado da jornada num jogo com 7 ensaios que vale a pena ver. E a Itália que mostrou uma outra capacidade — radicalmente diferente (17 alterações em 23 jogadores) da que vimos no Restelo contra Portugal — e quase surpreendeu a França, vencedora da época passada e dita principal candidata a vencer o Torneio e até o Mundial e que teve neste jogo a maior das sortes porque, com susto apanhado, terão percebido — a tempo ainda de realizar as modificações necessárias e decidir o tempo e a articulação entre as inovações tácticas da dépossession e répossession bem como eliminar a indisciplina impôr que atingiu o nível assustador de 18 penalidades (10 no seu meio-campo) 1 amarelo e 1 ensaio-de-penalidade contra apenas 7 do seu adversário— que estarão ainda longe de serem verdadeiros candidatos quer ao Torneio quer ao Mundial. 

Quanto a Gales, com o seu rugby a diminuir na qualidade do jogo, restará ainda a esperança que mais tempo com Gatland possa transformar a equipa até ao Mundial… E a Irlanda, que se preparou em Portugal, no Algarve, mostrou porque é a equipa que ocupa o 1º lugar do ranking mundial, fazendo notar as qualidades necessárias para produzir um rugby atractivo e muito eficaz mostrando-se — quer na defesa quer em ataque — no bom caminho para fazer de 2023 um ano importante da sua história

No próximo fim‑de‑semana, com a recepção da França no Aviva Stadium, ficar-se-á com melhor ideia do verdadeiro potencial das duas equipas. E também do real valor da Escócia que recebe Gales. E o Torneio a mostrar-se, pelas expectativas criadas, como uma verdadeira montra internacional, ultrapassando cada jogo o limite dos seus adeptos directos. Uma festa para quem gosta da modalidade.

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