quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

AINDA A DATA DAS ELEIÇÕES

A vinda a público do Presidente da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Rugby (PAG) para explicar a sua escolha da data eleitoral é gesto que se saúda. É um bom princípio. Para além de nos dispensar da informação do “Esclarecimento sobre a convocação de eleições” da autoria do candidato pela oposição que, julgo - por não lhe competir marcar ou convocar mas apenas concorrer - é perfeitamente descabido.
No entanto a Breve nota sobre o fundamento [...] do PAG, fundamenta pouco – até pela confusão que estabelece entre pretensos compromissos de terceiros com pretensas decisões da nova AG – e não muda a opinião que mantenho: a decisão de marcação da data é irresponsável!

Porquê? Porque – desviando as atenções do essencial para o mundo dos pequenos interesses – perturba aquilo que é o objectivo actual mais importante do rugby português: o apuramento para o Mundial da Nova Zelândia. E essa perturbação pode ter consequências graves como é exemplo a imensa perplexidade provocado pela gratuitidade do recurso à frase-assassina“A selecção nacional é um projecto pessoal de Tomaz Morais” – proferida pelo candidato da oposição. O clima está toldado, como seria previsível acontecer. E, claramente, o cumprimento escrupuloso dos deveres que lhe foram confiados que reivindica o PAR, deveria traduzir-se – uma vez que estatutariamente nada o obrigou – no bom senso da marcação das eleições para o final da época. O resto é retórica.

Como é retórica essa estória dos clubes em vias de definhar por uma política de destruição de clubes. O eventual definhamento de clubes – de que vejo apenas a consequência prática de resultados competitivos muito maus – traduz a prática interna de cada um (até há quem definhe cheio de estrangeiros…) e a falta de análise e percepção das causas. Mas a solução não será nunca encontrada com a aplicação da receita do “caranguejo português” – puxar para baixo quem quer subir. A solução estará sempre no questionamento da sua envolvência e participação – tipo/qualidade/existência de formação, qualidade dos treinadores, organização interna, lutas intestinas, objectivos, interesses, etc., etc.

Conhecendo os seus pontos fortes e fracos, estabelecendo uma visão realista das capacidades, percebidas as necessidades, perspectivando caminhos possíveis e estabelecida uma estratégia de concertação, será então altura de apresentar à Federação um plano e uma programação, procurando obter – dentro dos meios disponíveis e dos planos aprovados – os possíveis apoios necessários. E deverá ser assim porque, não sendo os clubes todos iguais, também não há receituário comum – não pertencem ao mesmo mundo clubes que têm atletas que treinam por dia um determinado número de horas e clubes que treinam essas mesmas horas por semana.

Quer dizer que não podemos todos jogar rugby? Não! Quer precisamente dizer que todos podemos jogar – mas ao nível das nossas capacidades e com a maior equidade possível.
Se olharmos para o resto do mundo – aquele mundo que tem cultura desportiva e rugbística desenvolvida – veremos que as diferenças perante distintos objectivos, condições e capacidades, estão definidos: de um lado a elite do alto rendimento; do outro, o conjunto de equipas que se posicionam no rugby de lazer, do jogar por puro entretenimento (o modelo francês, mesmo com enorme área de rugby amador, ao exigir uma massa crítica impossível para nós, é impraticável).

É errado tomar o conceito de clube como um todo homogéneo e ignorar as diferentes expressões desportivas. Deve falar-se de clubes conforme as suas capacidades e perspectivas competitivas. Agrupando-os por afinidades e procurando, cada vez mais, encontrar novas formas de enquadramento de competições diferentes do já gasto modelo actual e que se adequem às realidades associativas. Porque só assim é possível fazer progredir a competição e aumentar o número de praticantes da modalidade. O tudo no mesmo saco da treta demagógica de pretensos direitos e igualdades competitivas, para além de confundir e nivelar negativamente objectivos, impede a procura da excelência.

Lembro de novo: o único compromisso a honrar por um Presidente da Assembleia Geral diz respeito à garantia da correcta aplicação dos estatutos. Actuando sempre que eles estão em causa ou que uma eventual crise grave esteja em vias de desacreditar a modalidade ou a instituição. O resto, também aqui, é retórica.

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