No Sevens os princípios do jogo exigem manutenção da posse da bola – mesmo que seja preciso recuar. No XV, os princípios do jogo exigem avançar mesmo sem bola.
Para o Sevens são precisos jogadores rápidos, fortes no contacto, capazes no 1x1 e no jogo de passe. No XV são precisos jogadores também tecnicamente capazes no contacto, no passe, mas com superior capacidade de leitura e decisão. E com uma exigência suplementar de jogo ao pé.
A questão da posse da bola versus conquista de terreno, resultando do número de jogadores dentro do campo – 14 contra 30 para uma mesma área – faz toda a diferença e modela o nível de exigências de um e outro caso.
No Sevens o espaço está lá – é uma questão táctica atacá-lo; no XV o espaço precisa de ser criado – é uma questão estratégica saber como fazê-lo (forte contra o fraco, exploração dos momentos decisivos, engano, etc.).
No Sevens os chamados avançados só o são num faz-de-conta de conquista da bola – nas formações ordenadas, sem pressão atrás, um mínimo de técnica permite, a qualquer terceira-linha ou centro capazes, imitar um pilar; com a possibilidade legal de levantar o saltador, qualquer um que seja coordenado pode conquistar a bola nos alinhamentos. No XV, o caso muda de figura e existe um factor decisivo chamado cinco-da-frente constituído por dois pilares, um talonador e dois bases. Sem eles, é impossível ganhar um jogo contra uma equipa decente.
Confundir um jogo com o outro traduz-se sempre na ineficácia ou incapacidade de o jogar.
Tratando-se de jogos diferentes, são jogados por jogadores com características diferentes – só muito raramente, nos tempos de hoje, um jogador pode estar ao mais alto nível em ambos os registos e a tendência será para especializar: cada vez menos bons jogadores de XV serão eficazes no Sevens; cada vez menos jogadores do Sevens estarão confortáveis no XV.
Claro que haverá gestos – aparentemente – comuns: a placagem, o passe, a finta, o pontapé. As aparências de formação ordenada e alinhamento para manter as referências de filiação, continuarão. A maior parte das regras, também. Mas os jogos serão cada vez mais diferentes. E os jogadores também.
Com a entrada da variante para os Jogos Olímpicos fará mais sentido proceder a uma separação organizativa – mesmo mantendo o mesmo tecto federativo – das duas formas de jogo. A questão central que se coloca será a de saber qual a dimensão de desenvolvimento quantitativo que permite a divisão. Ou então a presença na variante será feita através de um único núcleo de 25/30 jogadores que terão a missão de representar Portugal nas diversas provas de Sevens que se forem realizando pelo mundo fora e utilizando o próximo futuro torneio de sub-20 da FIRA-ERA como rampa de lançamento e espaço de definição.