É provavelmente um resultado único em jogos internacionais de Rugby. Foi um Itália-Portugal jogado em Padova, a 20 de Fevereiro de 1972 e que terminou empatado a zero.
Alinharam: Neto, José Augusto, João Carlos, Silvestre e Andrade; Toni, Gaspar Ramos e Raul Martins (cap.); Minhoto; Francisco Guedes, Nuno Lince e A. Cardoso Pinto; Gomes da Silva, Ramos Pinto e Bessa.
O jogo foi inacreditável. Na primeira jogada, pontapé de saída italiano, a bola - desconhecida, fabrico deles - voou, voou em trajectória estranha, sempre a fugir, e eles em desvairada corrida tipo bulldozer, a derrubar e limpar tudo o que apanhavam pela frente. Quando recebi o passe do Minhoto (era suposto conquistarmos a bola, não!?) estava no fundo da área de ensaio e já debaixo do bafo dos azzurri e dos gritos de um estádio cheio. Se ainda me lembro tivemos logo que preparar substituições – o Toni e o Andrade que se mantiveram em campo mais uns minutos apenas por rugbístico espírito de nobless oblige, deram lugar ao Ramos e ao Tomás Mayer (naquele tempo só havia duas substituições e com aval médico). Escapou da razia o José Augusto que, vendo as modas, se atirou para o chão e ficou-se a senti-los passar por cima. Ao Xico Guedes (abertura) só pedíamos que tentasse chutar as bolas – não havia muitas – para cima da cobertura do estádio para conseguirmos ganhar tempo e respiro. O Raul Martins, dentro da nossa área de ensaio, conseguiu agarrar um italiano com a bola, ficou por baixo dele e não o deixou virar-se para marcar. Épico! Como épicas foram as placagens que valeram tantas quantas as de dois campeonatos inteiros, com o Gaspar Ramos, exemplar, a correr o campo todo atrás de um qualquer portador de bola.
O César Pegado, que era o preparador físico (era assim que dizíamos na altura), montou umas palermices do tipo orquestra-de-instrumentos-vocais-de-sopro a entreter-nos num fungágá de brinde ao excelentíssimo público (fizemo-lo antes da entrada para os balneários) para que não pensássemos no jogo ou no adversário que tínhamos que enfrentar. Foi uma das sortes, com a inconsciência dos inocentes, batemo-nos como nunca e não perdemos – contra as expectativas italianas que nos arrasavam desde os jornais até aos cafés. Mas a outra sorte surgiu já na 2ª parte: estávamos arrasados e os italianos substituíram o formação – o que entrou era da casa, só ouvia aplausos, queria mais, quis brilhar e só fez disparates. Estragou-lhes o jogo e nós sobrevivemos. Azar, azar, só o árbitro, um romeno que roubou alarvemente – o Miramom, seleccionador (o Pedro Cabrita era o treinador) dava urros e murros no ar, ofendido com o desplante.
A noite comemorativa foi também grandiosa – um dia, voltarei a contá-la. O passeio por Veneza do dia seguinte, também.
Alinharam: Neto, José Augusto, João Carlos, Silvestre e Andrade; Toni, Gaspar Ramos e Raul Martins (cap.); Minhoto; Francisco Guedes, Nuno Lince e A. Cardoso Pinto; Gomes da Silva, Ramos Pinto e Bessa.
O jogo foi inacreditável. Na primeira jogada, pontapé de saída italiano, a bola - desconhecida, fabrico deles - voou, voou em trajectória estranha, sempre a fugir, e eles em desvairada corrida tipo bulldozer, a derrubar e limpar tudo o que apanhavam pela frente. Quando recebi o passe do Minhoto (era suposto conquistarmos a bola, não!?) estava no fundo da área de ensaio e já debaixo do bafo dos azzurri e dos gritos de um estádio cheio. Se ainda me lembro tivemos logo que preparar substituições – o Toni e o Andrade que se mantiveram em campo mais uns minutos apenas por rugbístico espírito de nobless oblige, deram lugar ao Ramos e ao Tomás Mayer (naquele tempo só havia duas substituições e com aval médico). Escapou da razia o José Augusto que, vendo as modas, se atirou para o chão e ficou-se a senti-los passar por cima. Ao Xico Guedes (abertura) só pedíamos que tentasse chutar as bolas – não havia muitas – para cima da cobertura do estádio para conseguirmos ganhar tempo e respiro. O Raul Martins, dentro da nossa área de ensaio, conseguiu agarrar um italiano com a bola, ficou por baixo dele e não o deixou virar-se para marcar. Épico! Como épicas foram as placagens que valeram tantas quantas as de dois campeonatos inteiros, com o Gaspar Ramos, exemplar, a correr o campo todo atrás de um qualquer portador de bola.
O César Pegado, que era o preparador físico (era assim que dizíamos na altura), montou umas palermices do tipo orquestra-de-instrumentos-vocais-de-sopro a entreter-nos num fungágá de brinde ao excelentíssimo público (fizemo-lo antes da entrada para os balneários) para que não pensássemos no jogo ou no adversário que tínhamos que enfrentar. Foi uma das sortes, com a inconsciência dos inocentes, batemo-nos como nunca e não perdemos – contra as expectativas italianas que nos arrasavam desde os jornais até aos cafés. Mas a outra sorte surgiu já na 2ª parte: estávamos arrasados e os italianos substituíram o formação – o que entrou era da casa, só ouvia aplausos, queria mais, quis brilhar e só fez disparates. Estragou-lhes o jogo e nós sobrevivemos. Azar, azar, só o árbitro, um romeno que roubou alarvemente – o Miramom, seleccionador (o Pedro Cabrita era o treinador) dava urros e murros no ar, ofendido com o desplante.
A noite comemorativa foi também grandiosa – um dia, voltarei a contá-la. O passeio por Veneza do dia seguinte, também.