sábado, 24 de julho de 2010

As vitórias All Black

O facto parece evidente: a equipa da Nova Zelândia é constituída por jogadores de elevado nível individual quer técnico, quer táctico. E que conseguem um também nível elevado de comportamento técnico e táctico colectivo. E por isso ganham. Claro! mas também se pode dizer que o seu adversário, África do Sul, é de elevado nível. Então como explicar que – entre duas boas equipas – a Nova Zelândia tenha conseguido duas vitórias por grande diferença e sem margem para dúvidas?

A primeira diferença notável diz respeito à dimensão táctica, colectiva e individual, que os jogadores neozelandeses demonstram e que lhes permite perceber a criação de oportunidades e a sua adaptação imediata à situação. Ou seja, num repente, um colectivo de jogadores percebe que está criado o momento a explorar e, sem hesitações, adaptam-se eficazmente à situação para explorar e aumentar o desequilíbrio detectado. E, ao contrário das outras grandes equipas que apenas conseguem envolver dois, três jogadores, a leitura de jogo da equipa neozelandesa parece ser despoletada por um qualquer toque de campainha que permite a envolvência de todo o colectivo – mesmo daqueles que, por mais distantes, não têm participação directa na acção: mas que se colocam de acordo com “o que vai acontecer a seguir?”. Nestes momentos é um imenso prazer ver a evolução do jogo All Black.


Outra diferença considerável demonstrada nestes jogos vitoriosos esteve na capacidade defensiva: sempre avançando a conquistar terreno – deixando raras vezes o adversário ultrapassar a linha de vantagem e retirando tempo e espaço à manobra adversária – e realizando as placagens e preparando logo na forma do contacto a recuperação da bola. Se a este aspecto juntarmos a excelente adaptação às novas interpretações das Leis, temos a chave para as vantagens conseguidas: recuperações de bolas com imediata organização ofensiva, jogando ao largo e de acordo com a melhor exploração da desorganização defensiva conseguida.


No reverso - se em posse da bola e blocados defensivamente - é notável a organização de apoio – o eterno losango - que permite rucks muito rápidos a apanhar a defesa numericamente desajustada e a permitir o jogo ao largo de passes longos.


Nem sempre é possível perceber as posições dos jogadores no terreno através do ecrã da televisão. Desta vez – no último jogo – foi possível ver as linhas de corrida de McCaw e a sua eficácia, a forma como acelera para apoio imprescindível na conquista ou recuperação ou ainda como fica, disponibilizando-se para receber qualquer passe ou para dificultar as decisões ofensivas.


Também impressiona a capacidade defensiva de Conrad Smith: dando diversas vezes o lado de fora – protegendo assim a tentativa de ataque ao ombro interior – o centro neozelandês mostra sempre a capacidade para derrubar o opositor mesmo se parece ultrapassado. Uma segurança enorme - e uma lição defensiva para qualquer centro.


Repito: há momentos que é um gozo enorme ver esta equipa All Black a jogar.

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