sexta-feira, 30 de julho de 2010

PODEMOS LÁ CHEGAR?

O Sete de Portugal venceu o Euro da FIRA e o Mundial Universitário. Depois destes resultados o sonho de estar presente nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 aumenta. Temos possibilidades de lá chegar? Temos, mas não será nada fácil e exigirá uma estratégia coerente e sustentada para os próximos seis anos. Porque muitos outros – e não partimos tão à frente como possamos julgar – também pretendem o mesmo, principalmente aqueles que fazem da cultura olímpica um modo de vida.

Os factos: o Sevens é modalidade olímpica daqui a seis anos - 2016 - nos Jogos do Rio de Janeiro e terá doze equipas por género (144 jogadores masculinos e 144 jogadoras femininas) que disputarão um torneio com dois grupos de seis que apurarão os dois primeiros para as meias-finais e que irão disputar as três medalhas tradicionais; o Campeonato do Mundo será disputado na Rússia em 2013; anualmente continuarão a disputar-se as oito etapas que constituem o IRB Sevens World Series.

As possibilidades. A primeira questão: como se fará o apuramento? De acordo com o tradicional e o significado dos anéis olímpicos haverá representantes de cada continente. Sendo um dos apurados o país residente (Brasil), sobram onze lugares para cada torneio. Se a distribuição for absoluta pelos continentes será 3-2-2-2-2 e a questão que importa saber será se o número de três equipas corresponderá à Europa ou à Oceânia.

As dúvidas: na Oceânia existem quatro equipas de grande nível: Samoa, Nova Zelândia, Austrália e Fiji; na Europa, o olimpismo da Grã-Bretanha se reduz o número de equipas, o que parece abrir boas perspectivas de lugar, também cria menos pressão para a atribuição do factor três.

As hipóteses. Face aos problemas que a decisão da distribuição trará, mas cumprindo simultaneamente a obrigatoriedade de resposta aos cinco anéis, a IRB tem como hipótese criar provas de qualificação continentais seguidas, para os cinco lugares sobrantes, de provas gerais de apuramento que permitam definir as equipas mais capazes e assim evitar que boas equipas fiquem de fora com diminuição da qualidade do Torneio.
Nestas perspectivas como pode Portugal garantir o apuramento? Ou garantindo o segundo/terceiro lugares (conforme as hipóteses) ou garantindo um dos cinco lugares gerais. O que não será fácil. Na Europa, com a forte Grã-Bretanha, uma Irlanda que vai querer lá estar, uma Rússia a crescer, a França também a querer (e poder) lá estar, a Itália com possibilidades, a Alemanha a esforçar-se e a Espanha a olhar a variante de outra forma, os lugares para a disputa serão poucos. Se for de outra forma, Estados Unidos, Canadá, Uruguai, Quénia, Namíbia, China, Fiji, Austrália, Samoa e outros tantos sobrantes daqui e dali não tornarão fácil a vida do apuramento.

Estratégia. Antes de mais conviria que Portugal pudesse disputar, como residente, a Sevens World Series – já este ano ou, no limite, no próximo ano – com resultados capazes, obrigando ao recurso permanente da melhor equipa. O que obrigaria à participação em todas as outras provas possíveis com outros jogadores para garantir a continuidade e dar experiência. O que significaria a necessidade de manter um número razoável de jogadores disponíveis ao longo da época para o Sevens internacional, desligando-os, na grande maioria da época, dos jogos dos seus clubes.
Para uma estratégia com hipóteses de sucesso vale a pena referir que o Sevens interno - para além da exclusão, nomeadamente de gordos, que implicará - não corresponderá nunca às necessidades de preparação para a qualificação olímpica e que a solução que se mostra eficaz obrigará à separação entre a modalidade-mãe e a variante: quem joga uma não se preocupará com a outra. São duas modalidades distintas – uma apela à diversidade enquanto outra à homogeneidade com as consequências daí resultantes – e a mistura entre elas não garante a expressão da excelência de qualquer uma.

O caminho para os Jogos - não sendo impossível - é muito duro: exige visão, excelência, decisão, preparação, informação e dispensa a expressão de propostas e pensamentos ilusórios. 

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