Pese o inquestionável direito, não acho que o rugby de XV, com as exigências de contacto cada vez maiores, seja o ideal para ser jogado por raparigas. No entanto, ao vê-las a jogar Sevens, com mais espaço e menos contacto mas mantendo as características que definem o rugby – placagens, formações, alinhamentos, bola oval, proibição de passe para a frente – parece-me uma variante que, aproximando-se visualmente do jogo-mãe, se pode adaptar muito bem à dimensão feminina que as equipas poderiam mostrar.
Ou seja: para o rugby feminino, o Sevens parece ser a expressão ideal.
Dito isto, pensando assim, fui chamado à realidade pela posição das jogadoras brasileiras: “Nós? A jogar só Sevens? E então as nossas companheiras gordas com quem jogamos todos os dias, o que faziam?”
De facto o Sevens não pode viver sem a cobertura do XV e as brasileiras vieram lembrar isso mesmo. No Código do Rugby define-se, em Os Princípios das Leis do Jogo e no capítulo Um jogo para todos que: "As Leis do Jogo dão oportunidade a que jogadores de qualquer estrutura física, aptidão técnica, género ou idade possam participar no jogo de acordo com as suas capacidades e num ambiente controlado, competitivo e agradável."
O Sevens, ao contrário desta diversidade, vive da proximidade do perfil morfológico onde não cabem perfis ditos, em padrões estéticos, de menor estampa atlética - as gordas e os gordos.
Para continuar a ser Rugby, o Sevens precisa de continuar a ser uma mera variante, não o jogo. Mas com uma contradição viva: sendo do mesmo, cada vez mais os que jogam Sevens se vão afastar dos que jogam XV. Tanto quanto se afastaram já nas siglas que os distinguem: Sevens e XV.