Ainda estava a rever os últimos minutos da excelente – notável mesmo – vitória da Itália sobre a França (22-21) e a pensar nas razões das incapacidades que o jogo francês vem mostrando – a mais provável: o medo de perder que resulta das consequências financeiras do sobe e desce do campeonato francês – quando recebi a notícia: 25-10, perdemos!
Como foi possível perder numa clara posição de favoritos e ainda por cima pela diferença de quinze pontos? Que se passou antes e durante para um descalabro destes? Que raio de atitude entrou dentro do campo – a que afirma que a construção da consistência de uma equipa se afirma na subida degrau-a-degrau ou a pretensiosa que se acha merecedora de um antes de o ser já o era?
Não vi o jogo mas leio 6 (seis!) penalidades convertidas pelos espanhóis – o que significa um desconchavo de faltas (aposto que no chão…) como resultado de uma desconcentração inadmissível. Ou demonstração de ignorância das Leis do Jogo? Ou ainda: incapacidade técnica de entrada ao contacto para garantir a libertação da bola e incapacidade táctica da tomada de decisão quer dos portadores, quer dos apoiadores? Qualquer delas, vistos os jogos anteriores e os jogos que por cá se fazem, não me admiraria.
Ao perder assim, perdemos também futuro – não o futuro dessa mania das grandezas que ainda achava que o objectivo do jogo seria o ponto de bónus para conquistarmos um título que tínhamos já deixado escapar (a final foi contra a Geórgia e, se estamos lembrados, perdemo-la), mas o futuro de poder contar com a Espanha para o desenvolvimento do nosso rugby, dos nossos melhores jogadores, num estádio competitivo superior. Com esta derrota a Espanha fará mais do que sempre fez: que não precisa de nós. E nós não teremos argumentos para apresentar vantagens ou alternativas. Porque do outro lado só temos mar.