Dadas as diferenças e na circunstância era preciso, bastante mais e melhor. Porque a exigência é componente fundamental da excelência. E devemos exigir para, como se diz dos campeões, que se sinta que pretendem “trabalhar sempre para melhorar sempre”.
A equipa da Ucrânia é uma simpática equipa que pratica um rugby positivo e, o que é o mais interessante e que lhe pode garantir futuro competitivo, com uma atitude capaz de procurar na alternância, na adequabilidade e adaptação ao desenrolar do jogo, os meios do seu próprio jogo. E assim marcou três ensaios – tantos quantos os que trazia de outros jogos. Mas está ainda longe de ser uma boa equipa.
E Portugal marcando os obrigatórios 4 ensaios não fez – com excepção de um momento de bom rugby que culminou no ensaio de Pipoca – nada que valha a referência positiva. Em vez de coisas positivas que poderiam empolgar uma assistência disponível e interessada, a equipa portuguesa mostrou – não aproveitando a oportunidade oferecida pela adesão ucraniana ao jogo – o mundo de problemas em que o rugby português navega como resultado da deficiente formação e falta de real competitividade interna que garanta as condições necessárias ao nível internacional.
Incapaz das acelerações colectivas para romper a defesa, do volume de jogo necessário ao domínio permanente do adversário, preocupada apenas com um serviço mínimo defensivo – onde estão as placagens atacantes que permitem virar o jogo? – a equipa portuguesa, ficou a viver do rasgo individual, trivializando as conquistas, e deixou-se surpreender defensivamente, permitindo, de forma indesculpável, 24 pontos.
Na falta de cultura táctica colectiva – o que devemos fazer colectivamente e em simultâneo – que a falta de hábitos competitivos de bom nível amplia, o rugby português parece bastar-se no a ver se dá em vez da resposta pertinente e propositada às propostas do adversário – como é possível a insistência na constante previsibilidade como, por exemplo, levar a bola até ao limite do campo quando a defesa adversária está organizada e não há espaço de passagem, criando pontos-de-quebra onde só é possível garantir a continuidade atacante sem alternativa? Ou a permanência de saltos sem qualquer alteração de ângulos de corrida que obriguem a defesa a hesitar e a errar? Ou porque se transporta a bola num só braço para, no contacto, matar o movimento no chão em vez de manter, num passe, a bola viva?
Resultado de uma formação que sempre esteve mais preocupada com resultados imediatos – especialização precoce mesmo se já fora do prazo – do que em ensinar e fornecer aos jogadores os instrumentos técnicos e tácticos necessários, o rugby português nunca procurou estabelecer os métodos adequados de formação – use-se, por exemplo, o Long Term Players Development irlandês (à distância de um clique internético) e ver-se-á a diferença de resultados – limitando-se, após um ou outro resultado meritório, a deixar-se morrer na inconsistência.
Há muito trabalho a fazer e desenvolver – os jogos internacionais mostram-no - se pretendemos garantir a possibilidade de estar presentes no Mundial de 2015. É, portanto, preciso e quanto antes, pensá-lo.