Porque será que, em vez de se enquadrar uma vitória no seu campo desportivo exacto, se vem logo contar estórias propagandísticas sobra a sua qualidade?
Uma equipa de jogadores portugueses – alguns internacionais, outros a caminho de o serem – a que foi dado o nome de XV de Portugal, ao contrário do mais conveniente mando tradicional de XV Português, venceu a equipa dos England Students por 29-25 no sábado passado. A vitória é boa porque conseguida por uma equipa jovem sem grande experiência contra uma equipa de jogadores universitários ingleses que, naturalmente, terão um mínimo de qualidade e que já haviam jogado juntos contra os universitários franceses.
Mas daí até, como já foi feito, se escrever que se trata da 3ª equipa inglesa, vai um mundo. Claro que não é! Como poderia ser?
Em Inglaterra o rugby é profissional, com a devida estruturação e onde existem, inscritos na Rugby Federal Union, 2 531 705 jogadores masculinos que representam 2 099 clubes. O XV da Inglaterra já conquistou, em 110 presenças, 35 primeiros lugares no Torneio que hoje se designa por 6 Nações. Foi uma vez Campeão do Mundo e finalista por duas vezes. Neste enquadramento poderá alguma vez julgar-se que os estudantes universitários conseguiriam formar a terceira selecção inglesa?
Repito: é uma boa vitória de um quinze português recheado de jogadores que procuram um lugar no sol do jogo internacional. E só por estupidez – aquele acto que Cipolla define como causador absoluto de prejuízo porque sem vantagens para alguém – se pode transformar aquilo que deve ser devidamente publicitado numa manobra de propaganda que, alterando a realidade, retira – porque tem perna curta – dignidade aos vencedores. O que é abusivo.
Os England Students, como define o seu manager Peter Drewets, são uma equipa que tem como objectivo dar oportunidades aos melhores talentos para que possam prosseguir no rugby profissional depois de saírem da universidade. E foi a esta equipa que o XV Português ganhou. O que, por si só, tem valor… sem outros acrescentos.