Portugal-Holanda, Estádio de Honra, Jamor iPhone JPB |
De facto os holandeses mostraram, marcando 2 ensaios, a sua capacidade de jogar limitada a um período de menos de 15 minutos no início da 2ª parte. E num chão que deu uvas, esqueceram o rugby e voltaram ao jogo da bola oval - mesmo se se mostraram superiores na formação-ordenada e nalguns períodos de jogo no chão.
O uso da bola por parte dos jogadores da equipa portuguesa também não foi bom ou eficaz: dispuseram de 115 bolas mas apenas em 32% das vezes conseguiram ultrapassar a Linha de Vantagem para marcar 5 ensaios correspondentes a uma eficácia de 14%. Contra a República Checa os portugueses dispuseram de 68 bolas, ultrapassaram a Linha de Vantagem em 26% das vezes e marcaram 6 ensaios com 33% de eficácia. Ou seja e apesar da quota de pontos marcados de 75% - contra a R. Checa a quota foi de 79% - a equipa de Portugal deveria ter tido um índice de utilização bastante superior, tendo marcado bastantes mais ensaios e não ter que sofrer até ao último minuto para garantir o ponto de bónus ofensivo.
O que é que nos ensina este jogo?
Acima de tudo e porque a Holanda já com duas vitórias obtidas fora de casa, tendo derrotado a Suíça e com a R. Checa que, por sua vez já derrotou a Polónia, só por erro catastrófico é que Portugal não será o 1º classificado no grupo, indo, de novo, disputar o acesso ao grupo superior no final da época e, como manda a regra, no campo do adversário que deverá sair - o derrotado - do Bélgica-Alemanha do próximo dia 3 de Março.
O que significa, para não se repetirem erros como na época passada, que a equipa tem de ser bem preparada para esse jogo definindo-o, desde já, como objectivo principal da época. E não se julgue que será fácil. Ou existe uma preparação cuidada que possibilite aos jogadores portugueses adquirirem uma capacidade superior de intensidade ou nada se conseguirá - qualquer que seja o adversário que virá de uma habituação a um nível mais intenso.
A situação actual traz-nos um outro nível de problemas. Praticamente metade dos jogadores que constituíram o XV inicial deste jogo com a Holanda provinham dos dois clubes - CDUL e Direito - que têm constituído as melhores equipas dos últimos anos. Parece normal, mas esses clubes atravessam (ver aqui a qualidade da 1ª volta) uma má fase, ocupando o 4º e 5º lugares da classificação geral do Grupo A e com uma medíocre capacidade competitiva - o CDUL tem o negativo resultado de 40% de quota de pontos marcados, ficando-se por 10 contra 11 ensaios conseguidos e o Direito, com 35% de quota, não ultrapassa os 6 ensaios marcados contra 18 sofridos. Mas deram, respectivamente 4 e 3 jogadores ao quinze inicial e 10 aos 23 inscritos na folha de jogo. Um factor a ponderar.
Se se percebe a intenção de garantir a coesão da equipa - um dos seus factores primordiais é constituído pela quantidade de tempo de jogo comum, isto é, pelo prático conhecimento comum - existe, para o seu exercício, o limite da capacidade da prestação competitiva que cada jogador possa demonstrar. E se o campeonato continuar assim, com pouca intensidade competitiva, alinhado por baixo, será preciso dar experiência a outros jogadores que estarão em equipas que se têm mostrado com maior capacidade competitiva - e se a solução tender para os portugueses que jogam no estrangeiro, não basta trazê-los no último momento... A preparação da selecção - constituída pelo critério de mais capazes e eficazes jogadores disponíveis em cada posição - tem que ser feita de forma compatível com os objectivos que se declaram e não há, por exemplo, equipa vencedora a nível superior cuja formação ordenada não consiga dominar a da Holanda.
Ou seja: fala-se em objectivos de voltar ao grupo superior da Rugby Europe a que se junta a vontade, pelo menos, de estar presente no Campeonato do Mundo de 2019 para o que será preciso derrotar uma Espanha ou Roménia e ainda uma Samoa. E não será com este rendimento e este nível de intensidade que isso será possível...
... e de nada servirá vir chover no molhado quando o caldo estiver entornado. Os azares caem sempre onde menos se espera e a Lei de Murphy nunca se faz esperar. Qual é o plano que se segue?
No 6 Nações, um ponto de bónus ofensivo da Irlanda e dois de bónus defensivos de Gales e França fizeram os resultados. França que continua a "quase" ganhar mas perde no fim e Gales que teve um final como deveria ter tido todo o jogo, com movimento, passes e a benção da memória - fica para lembrança a polémica sobre a decisão do TMO que terá retirado um ensaio a Gales (quando se retirará das Leis do Jogo o conceito de "pressionar a bola" e se substituirá por "tocar na bola"? Tudo ficaria mais fácil e sem subjectividades). Os jogos continuam a ser, fazendo crescer a importância e o interesse do Torneio, agradáveis de ver e deixam, claramente, tópicos para o desenvolvimento do treino. Desde que se olhe com olhos de ver.