terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

CONCORRÊNCIA: COLABORAÇÃO E COMPETIÇÃO

O propósito competitivo de uma equipa desportiva é o de atingir os objectivos que definiu para si própria: aos atletas cabe prepararem-se técnica, táctica e fisicamente para tal, aos treinadores cabe a criação das condições necessárias para que a expressão das qualidades, características e capacidades dos jogadores possa atingir os níveis de eficácia desejados e desejáveis; aos directores cabe o papel de garantir a organização externa à equipa – a envolvente – de forma a facilitar a tarefa dos outros dois elementos.
Naturalmente que a existência de um grupo alargado – superior às necessidades imediatas da equipa que entra em campo – equilibrado e de qualidade técnica e táctica elevadas, é muito caminho andado para o sucesso dos resultados desportivos a conseguir.


E aqui entra a concorrência interna. Entre jogadores – companheiros de equipa – por um mesmo lugar, dando-se assim início a um processo complexo de colaboração e competição – colaboração interna contra a concorrência externa, permitindo a afirmação da equipa na competição desportiva em que participa; competição interna entre os jogadores, permitindo a superação e a construção de uma equipa capaz, competitiva e adaptável às circunstâncias da competição.
O papel do treinador, neste quadro da realidade colaboração/competição, é o de construir e constituir a equipa que melhor responderá às necessidades competitivas próximas, médias ou, eventualmente, de longo prazo. Isto é: escolher os melhores para cada jogo e de acordo com os problemas que pensa que a equipa terá de resolver ou ultrapassar. E a solução resulta do conhecimento que terá dos seus jogadores manifestado nessa concorrência interna que os jogadores vão desenvolvendo entre si.

E desde que as regras sejam conhecidas e utilizadas com clareza, os problemas que possam surgir – ninguém que seja desportivamente competitivo gosta de ficar de fora – serão menores e ultrapassáveis pelo nível de construção do espírito de equipa até aí conseguido.
O que significa que, num desporto colectivo, é necessário ter sempre presente – jogadores, treinadores, dirigente e adeptos - que A EQUIPA ESTÁ PRIMEIRO!

Dadas as oportunidades aos jogadores – normalmente em treinos – e estabelecido o seu “escalonamento” interno e definidas as suas características específicas, o treinador tem a possibilidade de construir – caso a caso – a melhor equipa possível para o próximo jogo.

No caso das selecções nacionais, mantendo os mesmos princípios, lida-se com um campo de recrutamento muito superior. Que, embora as competições internas o reduzam, tem como base os princípios de: a) serem detentores da cidadania portuguesa; b) estarem federados na modalidade; c) e, claro!, terem categoria internacional. O que significa que o local onde os potenciais escolhidos possam jogar é indiferente – seja em Portugal, na Europa, nas Américas, na China. Seja onde for.

E compete – excepto se algo em contrário tiver sido decidido pelas instâncias dirigentes da modalidade - ao seleccionador nacional procurar, neste enorme campo de recrutamento, os jogadores que melhor possam ajudar a atingir os objectivos em questão - que, no caso português, é a classificação para o Mundial de 2011. Aumentando assim a concorrência no seio da equipa para, tendo garantido uma essencial colaboração interna, poder ultrapassar a concorrência externa. Ou seja: conseguir vitórias.

Esta complexidade da colaboração/competição e a prevalência de um dos seus termos consoante as circunstâncias em que a equipa se encontra é uma constante dos desportos colectivos. Percebê-la e torná-la num hábito, pelo que diminui de pressão e de sentimento de propriedade, só pode melhorar as capacidades competitivas do que tem precedência: A EQUIPA.

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