domingo, 7 de fevereiro de 2010

DERROTA NA RÚSSIA

Chovia, estavam cerca de zero graus de temperatura e o campo estava uma lástima. Situação suficiente para fazer desanimar qualquer um. Mas – ao contrário de que se poderia esperar – Portugal esteve muito bem nas fases estáticas e não foi ultrapassado pelo maul dinâmico dos russos. Quer dizer: estivemos bem onde julgávamos poder ter problemas, equilibramos a luta nos sectores onde, teoricamente, teríamos maiores dificuldades. Ultrapassando frio, chuva e lama.
Defendemos bem – com excepção do momento que ditou o ensaio do formação russo. Lutamos muito. Corajosamente. Com excelente atitude.
Fizemos um bom combate defensivo. Então, porque perdemos? O que falhou?


Falhou a capacidade de explorar o ataque.
Tivemos duas oportunidades: a primeira, ainda com 0-0, e depois de uma excelente recuperação numa situação de evidente superioridade numérica, deitámos a bola fora, chutando-a; a segunda, explorando muito bem a colocação subida da defesa – porque a linha de vantagem foi atacada – com um passe ao pé que deu ensaio. Mas não fizemos ou tentamos mais. Não criámos outras. Porque chovia muito? Em parte, mas principalmente por falta de hábito.
O nosso campeonato vale, competitivamente, nada. É uma nulidade onde as oportunidades surgem umas atrás das outras, criando um espírito de pouco rigor. Possibilitando uma espécie de experimentalismo permanente; a ver se dá, dir-se-ia.

Não podemos passar a vida a pedir heroísmo, espírito de sacrifício, capacidade de luta até à morte pela camisola – enfim, aquelas coisas todas que permitem dizer no fim com o ar de comiseração de quem nada mais tem para pedir: bateram-se muito bem. Porque a atitude, o empenho, só por si, não dão vitórias e não chegam para equipas que pretendem estar presentes no Campeonato do Mundo. Dito de outro modo: de equipas ou jogadores que se batem bem, estará o inferno cheio – o paraíso das vitórias, pelo contrário, tem muito poucos inquilinos. Porque há uma exigência de método.
Para que os jogadores possam resolver os problemas que enfrentam a este nível, precisam de ter experiência das situações, estar habituados a reconhecer e utilizar o número reduzido de oportunidades que caracteriza a competição equilibrada e de bom nível. Perceber a oportunidade e (re)agir colectivamente com a eficácia necessária a não a deixar escapar é a marca das boas equipas.


Para atingir essas capacidades, para ganhar internacionalmente, é preciso disputar um bom campeonato – que esteja tão próximo quanto possível do nível internacional. Com aquilo que os internacionais portugueses têm deixado em campo vale a pena perguntar: e se tivessem um campeonato decente, até onde poderiam ir?...
…E pensar que anda por aí gente a pretender impor um campeonato pior.

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